[Traçado de percurso sobre imagens do Google Earth]
Germano, Tiane e eu encontramo-nos na Pimenta para mais uma remada pela Lagoa do Casamento em dia belíssimo sem vento. Quando começamos a remar ainda não havíamos definido qual seria nosso itinerário, pois poderíamos seguir costeando em direção ao Leste ou atravessar rumo à Ponta do Anastácio. Aproveitando as excelentes condições, decidimo-nos pela segunda opção.
Iniciando a remada
[Fotografia de Tiane]
Com o valoroso auxílio do gps verifiquei que teríamos uma travessia de dez quilômetros até a entrada do Canal do Furado (conforme ponto obtido no site http://www.popa.com.br/). Seria interessante remar sem terra nas proximidades por essa distância.
A água estava completamente lisa, vez por outra com minúsculas ondulações provocadas por alguma brisa dispersa. Durante a travessia avistamos vários barcos de pescadores, que parecem ser a grande maioria dos freqüentadores desse belíssimo e pouco conhecido local.
Foi uma travessia tranqüila onde por várias ocasiões foi possível ver a bela imagem dos caiaques e remadores refletida na água.
Nas proximidades da entrada do Canal do Furado, que separa a Ilha do Furado da Ponta do Anastácio, encontramos diversos biguás, como os que estão empoleirados em uma árvore encalhada cujos galhos aparecem na fotografia acima.
Flores na entrada do canal
Bem perto do biguá
[Fotografia de Tiane]
Normalmente os biguás encontram-se em grupos e começam a ficar agitados quando nos aproximamos, verificando uma possível rota de fuga. Não costumam alçar vôo diretamente do local em que estão (se for um galho acima da água, por exemplo), pois precisam ganhar velocidade batendo as asas e “correndo” com as patas pela superfície da água antes de conseguirem voar. Eu já estava dentro do Canal do Furado quando vi uma dessas aves no alto de um galho de árvore bem próximo à água e resolvi me aproximar lentamente. Para minha surpresa, fui deslizando suavemente sem que o biguá esboçasse reação. Ele parecia curioso e ao mesmo tempo cauteloso com aquela estranha criatura invadindo seu ambiente. Cheguei tão perto que pude ver seus olhos e fiquei tão perplexo pela proximidade que nem atrevi–me a fotografá-lo, imaginando que qualquer movimento brusco pudesse assustá-lo. Nunca tive oportunidade de me aproximar tanto de uma dessas belas aves!!!
Entrando no Canal do Furado
[Fotografia de Tiane]
Seguimos pelo Canal do Furado em águas bastante tranqüilas. A água chegava até a vegetação, sem praias onde desembarcar. Seguimos por todo o canal até sua extremidade ocidental, onde se comunica com as águas da Laguna dos Patos. Como eu remava à frente, adiantei-me para ver se encontrava alguma praia na Ponta do Anastácio. Algumas embarcações de pescadores aproavam diretamente nas árvores, mas nós queríamos terra firme para desembarcar. Tiane foi quem encontrou uma pequena abertura entre as árvores com um pouquinho de areia, na Ilha do Furado, com espaço suficiente apenas para os três caiaques.
[Fotografia de Tiane]
[Fotografia de Tiane]
Sentamo-nos sobre os caiaques para compartilharmos a refeição e admirar os incontáveis lambaris que encontraram as migalhas de pão que eu atirava na água a nossos pés. Apareceu um martim-pescador, também interessado nos peixinhos – não exatamente para admirá-los, mas para garantir sua refeição. Demonstrando sua habilidade e precisão, lançava-se na água e reaparecia com um pequeno peixe no poderoso bico.
Martim-pescador
Lambaris
[Fotografia de Tiane]
Durante a parada observei que marimbondos (ou vespas) pousavam sobre meu colete salva-vidas – pendurado em um galho – talvez atraídos pelo sal contido no suor. Quando tratamos de sair para remar novamente esqueci-me desse “detalhe” e, quando fui vestir o colete, recebi duas dolorosas picadas para lembrar-me quem era o intruso naquele local...
Continuamos remando em águas plácidas, contornando a Ponta do Salgado em busca de uma praia que Germano havia observado previamente nas imagens do Google Earth.
Aves nas águas da Laguna dos Patos
Passamos por uma área com juncos na margem e alagados que precediam a "terra firme" antes de desembarcarmos em uma bela praia de areia.
"Quindim Precioso" e "ilegal!"
[Fotografia de Tiane]
Desembarcamos na praia e saímos para explorar as redondezas. Não muito longe avistamos um marco geodésico semelhante ao que existe na Ponta do Abreu [por favor veja na postagem anterior].
Nas proximidades da praia, em uma área de gramíneas que precede os alagados, observei movimentação de alguns animais. Olhando com atenção, vi que se tratavam de três furões. Seguiam um atrás do outro em um deslocamento que parecia uma brincadeira de "pegador" (ou "pega-pega"). Tentei fotografá-los, sem muito sucesso:
[Fotografia: Tiane]
[Fotografia: Tiane]
Enquanto estávamos na praia chegou uma embarcação da escola de kite surf Mangaviento, que situa-se na Varzinha.
[Fotografia: Tiane]
Para retornarmos teríamos a opção de seguir pela costa até a Ilha do Furado e de lá seguirmos diagonalmente para a costa mais próxima, mas como as condições de remada continuavam excepcionais, decidimos manter rumo direto para a Pimenta, em uma travessia de pouco mais de onze quilômetros.
Imensidão de água na travessia de retorno
Pausa para hidratação durante o retorno
Perfil da costa na aproximação da Pimenta
Final de jornada na Pimenta
Germano e Tiane chegando
Revoadas de maçaricos no final de tarde
Após essa belíssima remada por mais um recanto entre a Lagoa do Casamento e a Laguna dos Patos só me resta agradecer pela companhia sempre agradável da Tiane e do Germano: obrigado!
Dados do gps:
Distância percorrida: 29 km;
Velocidade máxima: 9,2 km/h;
Tempo em deslocamento: 4 h 48 min;
Velocidade média: 6,0 km/h.