Saturday, February 26, 2011

Vídeos: de caiaque no mar em Rondinha

Tentativas de registro em vídeo de caiacada no mar em Rondinha, litoral Norte do Rio Grande do Sul.
Como quase todas as praias do extenso - 622 km - e quase linear litoral gaúcho, Rondinha é uma praia de mar aberto, sem qualquer proteção proporcionada por molhes ou rochas. As ondas quase sempre são fortes e pouco organizadas, reflexo da existência de buracos que diariamente são formados - e deformados - no fundo arenoso. Muitas vezes passar a arrebentação é um desafio, pois as ondas teimam em "encaixotar" o canoísta - algumas vezes, com o caiaque junto!

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Gravado com a filmadora presa em faixa na cabeça


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Gravado com a filmadora presa na proa do caiaque


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Gravado com filmadora presa em faixa na cabeça


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Gravado com filmadora presa em faixa na cabeça

Segunda remada no Rio da Madre - Guarda do Embaú

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Testando um novo posicionamento para a filmadora durante a remada

A chuva chegou logo após a remada do dia anterior; como esperávamos, conseguimos terminar a remada bem a tempo. Nessa segunda jornada, porém, a situação foi diferente...


Estamos no mesmo ponto de saída do dia anterior, mas o nível da água está bem mais baixo. Temos que arrastar os caiaques pela água rasa até conseguirmos profundidade suficiente para conseguir remar. Atraídos por uma movimentação incomum na margem oposta, vamos conferir uma gurizada que improvisou uma pista de saltos. Eles aceleram as bicicletas e se lançam rio adentro pela rampa de madeira, fazendo piruetas antes de cair na água. Ah, que saudades do tempo de guri, empinando a bicicleta e fazendo estripulias...!
Lembro de ligar o gps, que sempre fornece dados úteis para comparação com outras remadas. Preocupado com a haste da filmadora, nem lembrei logo de ligar o aparelhinho. Falando na haste, é uma nova posição que estou testando, incentivado pelas belíssimas imagens de Damiano Visocnik no site Gnarlydog News.
Lentamente vamos subindo o rio e contemplando suas margens, as areias litorâneas à esquerda, as três grandes dunas de areia à direita, os biguás e garças empoleirados nas taquaras...

 












Tiane segue na frente, distanciando-se a ponto de perdermos o contato sonoro. Combinamos que hoje remaremos em direção a uma lagoa que visualizamos previamente no Google Earth e da qual não sabemos o nome, pois há controvérsias: uns chamam de Lagoa da Gamboa, outros de Lagoa do Siriú (que não poderia ser, pois Siriú é a praia que fica mais ao Sul, do outro lado do Morro da Gamboa) e em uma imagem de satélite da região aparece como Lagoa do Ribeirão. Antes de sair para remar percebi que existe opção de contornar uma ilha em vez de seguir pelo caminho mais direto para a lagoa e é isso que faço, imaginando que logo encontrarei a Tiane seguindo pelo curso principal...
Mas isso não acontece. Quando termino parte da volta na ilha e retorno ao caminho mais direto, nem sinal da Tiane! Fico indeciso, pensando se seria possível ela ter se adiantado e eu não enxergá-la mais. Descarto essa hipótese e começo a descer o rio, seguindo na direção do ponto em que a vi pela última vez. Somente quando termino a volta completa na ilha vejo que ela está em uma pequena praia de areia, esperando. E brava!!!
Logo desfazemos o mal-entendido e optamos por refazer o percurso pela ilha.




Durante a remada enxergamos muita movimentação de peixes, inclusive alguns saltando. Tiane, contente, mostrou com as mãos o tamanho do peixe que viu:

"Era um peixe deeeeste tamanho!!!"

O dia está muito bonito, com vários "buracos" de céu azul entre as nuvens brancas, que lentamente começam a se acumular para os lados da serra. O ar está parado e em várias ocasiões remamos em águas espelhadas que refletem as margens e o céu.




Frutos desconhecidos por nós nas margens






Chegando nas proximidades da lagoa, percebemos que aquelas belas nuvens brancas começaram a se modificar, acumulando-se em bancos escuros e densos. De vez em quando ouvimos trovoadas ao longe, na direção da serra. Uma canoa movida a taquara por pescadores aparece saindo da lagoa; cruzando por ela, trocamos algumas palavras e, como não poderia deixar de ser, confirmamos nossas impressões de que o mau tempo está a caminho.


Não nos demoramos muito na entrada da lagoa - uma remada mais longa lagoa adentro ficará para uma próxima oportunidade. Uma imagem panorâmica obtida com várias fotografias dá uma ideia do local:

[Montagem com fotografias]


Algumas fotografias depois, começamos a retornar. As nuvens estão se acumulando e o ruído de trovoadas é mais constante. Depois de mais uns quinze minutos de remada torno a olhar para trás... é impressionante a velocidade de formação do temporal! Aumento o ritmo para aumentar a velocidade, mas preciso me controlar, pois o Quindim Precioso da Tiane não acompanha, afinal é um caiaque modelo turismo com menor comprimento (e menor linha d'água), com fundo relativamente chato, características bem diferentes do ilegal!, um caiaque oceânico.

Minutos depois as nuvens já estão ameaçadoras!





Paro rapidamente na margem e recolho a haste que sustentava lateralmente a pequena filmadora. Olhando para a direção do mar ainda enxergo as nuvens brancas e rasgos de céu azul - uma paisagem enganadoramente tranquila. Mas os ruídos de trovão chamam à realidade. Mesmo remando com força máxima não teríamos a menor chance de escapar da chuva; chego em uma curva onde existem pequenas casas rústicas de pescadores e espero a Tiane. Enquanto espero, vou acompanhando a evolução do temporal.

Na direção de Guarda do Embaú tudo está enganadoramente tranquilo...

... mas o temporal está em franca formação!


Em alguns minutos Tiane me alcança. Um raio despenca na direção do Morro da Gamboa. Tiane quer continuar, pois enxerga o morro na Guarda do Embaú, que parece próximo e em direção favorável - na direção das nuvens branquinhas e dos pedaços de céu azul... Argumento que não chegaremos a tempo e que devemos aproveitar a proteção das casas para nos refugiarmos em terra firme. Em caso de temporal é melhor sair da água, sempre que for possível. Tomo a dianteira e remo direto para as casas, encaixo o caiaque entre canoas, deixando um bom local para o Quindim Precioso. Meio sem jeito de estar chegando sem ser convidado, começo a conversar com os pescadores.


Na realidade é uma família que reside na cidade de Paulo Lopes e com frequência vem de canoa para esse belo local com a intenção de aproveitar a tranquilidade do rio. São pessoas alegres e receptivas, muito acolhedoras. As crianças tomam banho de rio. Enxergamos uma chuva entre Guarda do Embaú e a serra e um dos pescadores afirma: "Essa chuva não vem pra cá!" Alguns minutos depois os primeiros pingos nos atingem e ele afirma com toda a convicção: "Essa chuva vem pra cá!" Em meio à gargalhada geral, somos convidados a entrar em sua casa, extremamente simples, mas cheia de calor humano. O "vô" e a "vó" não se cansam em dizer que ali encontraram a felicidade, que não trocam esse lugar por nada. Dentro da casa há mesa, bancos, beliches, fogão e algumas tábuas no chão; não há energia elétrica, geladeira nem televisão. Em vez de ficar olhando programas fúteis na tv, conversa-se e eventualmente um radinho de pilha garante diversão. Para que mais do que isso?

"Essa chuva vem!!!"

Rápida transformação


A conversa é animada e bem diversificada. Abrimos nosso pacote de bolachas para as crianças. Contam-nos que existe um projeto absurdo de transformar esse belo local em um porto para atracação de transatlânticos! Não é de espantar, levando-se em conta a ganância e a estupidez humanas que, aliadas ao poder econômico, facilmente dominam meia dúzia de pescadores que ali encontraram a felicidade... Mais de uma hora depois, a chuva começa a diminuir. Enquanto saio para avaliar o céu, Tiane, que é vegetariana, é questionada: "Tu gostas de um peixinho, né? Peixe é tão bom!"
Antes de nos oferecerem peixe - o que deixaria a Tiane bem constrangida em não aceitar... - concluímos que a chuva parou e que é hora de voltar. Tiramos fotografias e voltamos para os caiaques.

Muito obrigado pela acolhida!!!


Após a chuva somos contemplados com uma belíssima paisagem; remar no Rio da Madre nessas condições foi um presente e aproveitamos para tentar captar um pouco dessa atmosfera nas fotografias.




Lentamente vamos descendo o rio ao sabor da correnteza, absorvendo a beleza e a tranquilidade desse lugar. Esse é o espírito da nossa remada, é isso o que buscamos quando saímos para conhecer um novo lugar em nossas pequenas e silenciosas embarcações.





Já bem próximos de Guarda do Embaú, encostamos na margem a pedido da Tiane, que quer comer um sanduíche. Um sol tímido começa a aparecer por entre as nuvens.







Continuando a remada, passamos por diversas aves nas margens, onde também é possível enxergar muitos caranguejos que se escondem quando tentamos nos aproximar. Na Guarda do Embaú a paisagem mudou. O nível da água baixou com a maré e uma grande extensão de areia agora é visível em frente à cidade. As pessoas começam a retornar para a praia, utilizando o serviço de transporte por canoas - ao custo de dois reais por travessia - ou atravessando o rio a nado. Salva-vidas garantem a proteção sinalizando as áreas mais seguras. Remamos até o encontro do rio com o mar e retornamos contra a correnteza, forte em alguns pontos.




Aproveito a agilidade do caiaque para navegar entre as pedras e fotografo mais alguns caranguejos antes de concluir a remada estacionando ao lado do Quindim Precioso.






Uhúúú!!!

Informações disponibilizadas pelo gps:

Distância remada: 19,98 km;
Tempo remado: 3 h 13 min;
Velocidade média: 6,2 km/h;
Velocidade máxima: 10,7 km/h;
Tempo parado*: 38 min 39 s;
Velocidade média geral: 5,2 km/h.

*O gps foi desligado quando paramos durante o temporal.

[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]

[Trajeto sobre imagem do Google Earth]