Sunday, December 16, 2007

Remando no rio Forqueta: de Marques de Souza ao rio Taquari - 15 de dezembro de 2007

Após pedalar de Caxias do Sul a Estrela no dia anterior, em 15 de dezembro de 2007 encontrava-me com muito boa disposição para a remada programada. A idéia seria percorrer os pouco mais de 36 quilômetros desde a cidade de Marques de Souza até Estrela, percorrendo o rio Forqueta e o rio Taquari.
Para a empreitada apresentaram-se o Dino, residente em Estrela, acostumado a remar em seu caiaque de pólo, o Udo, residente em Estrela, jogador de padel, praticante de halterocopismo e remador ocasional, que remaria no caiaque wave amarelo emprestado por um amigo, Rainer, remador não tão ocasional, praticante de halterocopismo, que remaria no caiaque turismo azul e eu, remando o caiaque de slalom Remendão. Há onze anos atrás havíamos remado juntos (com exceção de Dino), saindo de Roca Sales e chegando em Estrela.

Somente no meio da manhã do sábado saímos da casa dos pais do Rainer e do Udo para passarmos na casa de um amigo do Udo que emprestaria seu caiaque. Lá chegando, constatou-se que o caiaque estava sem a tampa traseira que fecha o orifício de esgotamento de água. Foi improvisada uma tampa com um pano velho e um recipiente de desodorante. Carregado o caiaque no caminhão, lembrei Udo de que ele precisaria também de um remo, ou acabaria fatalmente ficando muito para trás se tivesse que se deslocar somente com as mãos...! Caiaques e tralhas carregados, tratamos de seguir para Marques de Souza. Udo e Dino seguiam de caminhão e Rainer e eu de carro. Como Udo não poderia estar dirigindo - por não ter a habilitação específica para caminhão -, fomos de carro na frente, mas Rainer não sabia exatamente onde seria o local da saída, de modo que demoramos um pouco mais para chegarmos ao Camping do Stackão, um camping realmente enorme para o tamanho da pequena cidade de Marques de Souza. Creio que o melhor teria sido passar de carro e de caminhão pelo local previsto para a chegada de caiaque, deixando o carro lá estacionado para o retorno após a remada, o que não foi feito porque seguimos de carro na frente do caminhão até o local da partida.

Uma vez estacionados no camping, imaginei que trataríamos de retirar os caiaques, colocá-los na água e começar a remada, mas Udo e Rainer procuraram o bar do camping para tomarem cerveja, enquanto Dino e eu tratamos de tirar os caiaques do caminhão e transportá-los até um local próximo do rio (e ao lado de uma torneira com mangueira). Queríamos dar uma verificada nas condições dos caiaques, o que só foi possível após uma boa lavada com a mangueira. O caiaque wave amarelo que seria usado pelo Udo e o Remendão (slalom) que seria usado por mim estavam cobertos de sujeira, que tratamos de remover. Feito isso, deixamos os caiaques um pouco ao sol para secarem e aplicamos fita adesiva trazida pelo Dino nos locais mais críticos. Testei a coberta contra respingos (saia) de neoprene que havia levado e ela serviu perfeitamente no aro do cockpit do Remendão. Ótimo, assim poderia passar com facilidade pelas corredeiras sem precisar parar logo em seguida para esvaziar o barco. Quando os caiaques estavam limpos e remendados Udo e Rainer retornaram do bar, felizes após a hidratação. Rainer entrou no caiaque turismo para ver se conseguiria remar (primeira foto acima) e Udo tratou de passar protetor solar. Transportamos os caiaques ribanceira abaixo (segunda foto) até a beira do rio. Tratei de liberar o pequeno espaço disponível e entrei no Remendão, onze anos depois da descida de Roca Sales a Estrela. Pela quantidade de sujeira antes acumulada, diria que ele passou todo esse tempo no seco! Uma vez na água, pude fotografar os preparativos dos companheiros. Dino, acostumado a remar, logo estava à vontade na água, mas retornou à margem para ajudar Udo, que não estava conseguindo ficar sentado no caiaque. Descobriu que provavelmente estava desconfortável por estar calçando tênis e por causa da espuma que havia colocado sobre o assento. A espuma elevava o seu quadril, que ficava pressionando o aro do cockpit. Descoberto o problema, tratou de sair do caiaque, mas apoiou-se em uma canoa, que acabou enchendo d'água (foto abaixo). Retirou a espuma e os tênis, que pediu que eu levasse (assim como uma sacola preta e o seu celular). Rainer aproveitou a carona e me pediu para levar também o seu celular. Como eu havia levado sacos estanques, não haveria problema...

Rainer estava com dificuldades para entrar no seu caiaque turismo e foi auxiliado pelo Dino (foto abaixo). Começamos a remar somente às 12 h 20 min!!! Em minha opinião, deveríamos estar fazendo uma parada para lanchar à sombra (depois de remar por boa parte da manhã) naquele horário em vez de estar iniciando uma remada de 36 km...

Com um excelente dia de sol, não demorou muito para ouvirmos a primeira pequena corredeira, que descemos sem problemas (foto acima), mas que foi suficiente para acumular água no caiaque amarelo do Udo (com a tampa improvisada com pano velho).

Ao pararmos para Udo retirar a água acumulada, percebi que havia algo obstruindo a saída d'água. Pensando que se tratava de um pedaço de fibra de vidro solto, puxei para fora... um RATO MORTO!!!

O pano velho e o recipiente de desodorante improvisados deram lugar à fita levada prudentemente pelo Dino, que também descobriu um pequeno furo no caiaque amarelo (abaixo).

Remendo feito, tratamos de volta à água, pois apenas havíamos começado a remar!

Passamos por lugares muito bonitos e por algumas pequenas corredeiras bem fracas, que nos obrigavam a escolher bem o local e evitar a tranqueira nas pedras. Vimos bandos de quero-queros reunidos na margem do rio, martins-pescadores que de vez em quando passavam de uma margem à outra e aves maiores, de bico comprido. Paramos para tomar um refrescante banho em uma pequena corredeira.

Udo parecia realmente cansado. Seu grande chapéu foi mais um estorvo do que auxílio, pois não parava sobre o capacete de isopor...

Acima, Dino se preparando para embarcar no caiaque pólo depois do banho refrescante.

Nas proximidades de um camping passamos pela única pequena corredeira capaz de proporcionar alguma emoção (fotos abaixo).

Acima, Rainer na corredeira, passando com estilo!

Udo no início da corredeira, com estilo...

... e um pouco depois, verificando a temperatura da água!!!

Acima e abaixo, Dino se sentindo em casa!

Minha segunda descida, registrada pelo Rainer (acima e abaixo).

Como estávamos às margens de uma área de camping, resolveu-se que aproveitaríamos para nos abastecer com água. Encontrei Udo, Rainer e Dino barranca acima, no bar. Udo e Rainer já se deliciavam com a primeira cerveja e Dino e eu dividimos um refrigerante de dois litros.

Halterocopistas.

Descansados, hidratados e com os reservatórios de água cheios, seguimos adiante, pois teríamos muito chão - ou melhor, água! - pela frente. Passamos por uma bela propriedade com um gramado (na realidade, um potreiro) e vista para o rio (foto abaixo).

Mais adiante, parei para fazer um auto-retrato em um grande tronco encalhado em uma pequena ilha de cascalhos arredondados (acima e abaixo).

Durante a descida freqüentemente era possível observas as margens do rio desprovidas de qualquer vegetação (mata ciliar) e, inclusive, alguns locais com grandes barrancos erodidos pela ação da água do rio (erosão fluvial). É a ação destruidora do homem, pelo desmatamento, apresentando-se sob uma forma muito visível e palpável, pois durante as cheias o alagamento provocado pela elevação no nível da água é muito mais intenso, comprometendo grandes áreas em torno do que seria o curso natural do rio.

Já iniciando o entardecer, paramos mais uma vez para tirar água dos caiaques e "esticar as canelas".

Rainer, que não estava acostumado a remar, sentia os efeitos da atividade física (acima), que teriam reflexo logo em seguida, na corredeira...

Acima, formas esculpidas na rocha, durante parada para fotografias em uma pequena elevação rochosa na margem do rio (abaixo).

Na parada seguinte Rainer me pediu o celular para telefonar ao seu irmão Fredi, em Estrela. Ele nos encontraria na foz do rio Forqueta (encontro com o rio Taquari). Nesse momento senti uma certa frustração por não concretizar o que havíamos nos proposto - remar de Marques de Souza até Estrela pelos rios Forqueta e Taquari - mas realmente seria a opção mais acertada. Por termos iniciado a remada muito tarde e justamente no horário mais quente do dia, pagamos o preço. Continuando pelo rio Taquari fatalmente encontraríamos uma longa e fatigante remada noite adentro. Remar cansado, em um rio com pouca correnteza favorável, no escuro (somente eu levava uma lanterna de cabeça dentro do saco estanque), além de ser completamente fora de propósito (não haveria paisagem alguma para admirar, ninguém desfrutaria de coisa alguma), seria uma temeridade pela própria falta de segurança, pois nenhuma embarcação deve navegar com ausência de luzes de sinalização à noite (pelo grande risco de colisões); além disso, seria muito difícil encontrar, no escuro, pontos de parada (para retirar a água dos caiaques, principalmente o amarelo) ao longo da margem, sem comentar o fato de que seria extremamente mais difícil mantermos uma navegada como um grupo, pois a dispersão no escuro seria muito mais fácil. Resumindo, aumentariam muito as chances de algo dar errado.

Nas fotografias acima e abaixo, ponte de concreto pouco antes da ponte de ferro que sinalizava o final do rio Forqueta. Um detalhe interessante é a altura em que ficaram presos galhos de árvore levados pela cheia do rio (foto abaixo). O pequeno ponto próximo à base do pilar da ponte é o Udo remando!

Acima, a ponte de ferro.

Chegando no rio Taquari ao final do dia. Fredi aguardava com o carro. Udo e Rainer decidiram retornar a Estrela em vez de buscar o caminhão e o carro que estavam no camping em Marques de Souza (pois Fredi estava com pressa), de forma que os caiaques e remos foram deixados ali mesmo, com pessoas que passariam a noite acampadas na margem do rio. No dia seguinte teríamos que retornar para buscar o caminhão, o carro e os caiaques...

Final de jornada...