Saturday, December 31, 2011

De caiaque do rio Cardoso a Maquiné - segundo dia

 Acampamento na lagoa Itapeva
[Por favor clique nas imagens para ampliá-las]



A noite transcorreu tranquila no acampamento, sem sobressaltos. O dia amanheceu calmo, sem vento, com uma leve bruma ao longe. A água estava espelhada. Os mais madrugadores já estavam com as máquinas fotográficas a postos, prontos para aproveitar a suave luz do nascer do sol.

"Vejo flores em você..."

Luz da manhã no acampamento
Movimentação para o café

Pouco a pouco fomos confluindo para a mesa do café da manhã, onde cada um que chegava acrescentava algo mais. A conversa, claro, referia-se à remada do dia anterior e aos prognósticos para a remada que logo se iniciaria.
Mesa farta!

Apesar do aviso - que nem seria necessário - um colega de acampamento abandonou seu lixo bem ao lado de sua barraca... Lamentável!!!

Após o café cada um a seu ritmo foi organizando as tralhas, desmontando acampamento. Tudo deveria encontrar seu lugar novamente dentro dos caiaques. Sempre que acampamos, seja em um camping ou em um local mais agreste, fazemos questão de deixar o local da maneira que o encontramos - ou melhor, se possível. Isso inclui obviamente todo o lixo que geramos, que vai para uma lixeira proxima ou então é transportado de volta conosco. A isso chama-se prática de mínimo impacto (que engloba muito mais aspectos do que somente o recolhimento do lixo). Na minha opinião é uma questão de consciência, de caráter e de educação. Pois justamente nesse acampamento, durante uma remada entre amigos, ocorreu o abandono proposital - sim, pois seria impossível não perceber um saco de lixo bem ao lado da barraca na hora de desmontar acampamento!!! - de uma sacola contendo lixo. Um colega, por algum motivo, manifestou algum tipo de revolta não justificada e abandonou seus restos, emporcalhando a área que encontramos limpa. Lamentável!!!
É claro que antes de saírmos recolhemos o lixo...


Fabiano foi o primeiro a sair, bem antes dos demais. Aproveitei a tranquilidade da manhã e o efeito de espelhamento da água para fotografar os amigos companheiros de jornada saindo.
Colocando os barcos n'água

Márcio
Cristian





Egon


Tiane






Ah, é bonita a Itapeva...!

Uma simpática casa com jeito de cabana...


Um pouco adiante do local de acampamento aproximei-me da margem, desembarquei e fui visitar a garagem do amigo Walter, onde ficam guardados vários pequenos veleiros, inclusive o meu Laser. Tudo estava em ordem. Aproveitei para fotografar o caiaque repousando placidamente na água calma.



Continuando a remada, depois de pouco tempo alcancei a Tiane e seguimos juntos por entre as aberturas dos juncos para ganharmos as águas do canal que faz a ligação entre a lagoa Itapeva e a Lagoa dos Quadros. Esse canal, que tem a denominação de rio Cornélios, na lagoa Itapeva passa por lugar conhecido por Barra do Quirino e, na Lagoa dos Barros, localidade de Cornélios.
Entrando na Barra do Quirino (acesso ao rio Cornélios)



Uma graça de garça, enfeitando o telhado!

Na Barra do Quirino passamos debaixo da ponte da Rota do Sol e logo em seguida encontramos os colegas de jornada na margem esquerda. Germano, que havia feito um percurso um pouco diferente para entrar no canal, vinha logo atrás.
Primeira parada, poucos metros adiante da ponte.



Germano




Aguardamos que todos embarcassem novamente e começamos a jornada pelo rio Cardoso, que serpenteia pela planície litorânea.
Seguindo pelo rio Cornélios
Não parece, mas é alguém remando de taquara numa canoa, atrás do capim!

Egon


Margem desprotegida
Colhereiros


Tiane e eu seguimos em um ritmo mais lento, admirando a paisagem e por vezes parando para fotografar. Quando já enxergávamos ao longe a localidade de Cornélios encontramos novamente os companheiros de jornada, que haviam desembarcado na margem lamacenta. Alguns tomavam banho.
Cornélios
Mais uma parada
Chafurdando na lama

Tiane e eu decidimos não desembarcar e avisamos que continuaríamos seguindo lentamente até a ponte e lá aguardaríamos para reagrupamento da turma. No caminho sentimos alguns pingos de chuva - que foram poucos.
Seguindo para Cornélios


Ponte em Cornélios
Parada para reagrupar
[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]
Percurso do acampamento na lagoa Itapeva ao início da travessia da Lagoa dos Quadros, passando pelo rio Cornélios.

Chegando na ponte da pequena localidade de Cornélios, Tiane e eu desembarcamos e procuramos a sombra da ponte. A nuvem que causou os poucos pingos no caminho se dissipou e o sol voltou com força. Com o sol também percebemos que havia um pouco mais de vento, vindo do quadrante Sul.
Aguardamos os amigos e aproveitamos para dar uma beliscada em alguma coisa, pois já passava das onze horas da manhã. O pai chegou logo em seguida.
Os amigos que pararam para tomar banho chegaram e alguns desembarcaram. Fabiano subitamente saiu remando e foi seguido pelo Cristian; não entendendo o que se passava, perguntei aos demais, que se preparavam para voltar a remar; houve dúvidas, alguns não sabiam e outros disseram que Fabiano pretendia parar mais adiante em algum lugar na margem da lagoa para almoçar. Seguimos o que havia sido proposto originalmente e aceito de comum acordo e reiniciamos a remada, começando a balançar nas ondas que já se formavam na lagoa. Paramos um pouco na entrada da lagoa e aproveitei para marcar no gps o rumo direto para a ilha (que conhecemos como Ilha do Benjamim) e recomeçamos a remar, recebendo ondas diagonalmente pela esquerda, à frente (em linguagem náutica, pela bochecha de bombordo). Germano decidiu que seguiria na direção em que achava que estavam Fabiano e Cristian, mas depois de algum tempo desistiu e começou a nos acompanhar. Egon e Fernando remavam mais à frente, seguidos por Márcio; em seguida Tiane e eu, com Germano se aproximando. Como Germano havia manifestado sinais de cansaço, diminuímos o ritmo mas mantivemos o curso de maneira a seguirmos diretamente para a ilha. Egon e Fernando eram lentamente empurrados pelo vento e pelas ondas (que estavam aumentando) mais para a direita e sem perceber acabaram fazendo um percurso em curva, um pouco maior. O vento foi aumentando durante a travessia e as ondas tratavam de nos distrair durante a remada.
As imagens abaixo foram capturadas de vídeos:

 Fernando Bueno

 Márcio

 Tiane







 Germano...
 ... brincando de esconder!


 Tiane...
 ... também brincando de esconder!




Chegando na proteção da ilha, encontramos Fernando Bueno, Egon e Márcio. Germano parecia bastante cansado e aproveitou a breve parada para comer uma laranja. Segundo o plano original, tínhamos como opção almoçar na ilha ou seguir adiante. Estávamos debaixo de sol quente e as pedras da ilha não estavam muito convidativas para um desembarque; além disso, as condições de vento e onda davam sinais de que poderiam piorar - decidimos continuar a travessia, agora percorrendo os cerca de sete quilômetros que restavam próximos à margem.
 Chegando na proteção da ilha


[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]
Percurso da travessia da Lagoa dos Quadros

Ao saírmos da proteção da ilha novamente começamos a sentir a força do vento. O estreitamento aquático entre a ilha e a margem causava um efeito de afunilamento que, aliado à baixa profundidade, gerava ondas um pouco maiores - o que acrescentou mais emoção à travessia. Seguindo lentamente contra o vento, avançamos pouco a pouco.
De volta à ação!!!





Remei ao lado da Tiane, que não estava acostumada com ondas e por isso se sentia um pouco insegura. Apesar de remarmos em um ritmo lento, pouco a pouco fomos nos afastando dos demais (embora mantendo contato visual com Márcio, Fernando, Egon e Germano, que vinham atrás). De Fabiano e Cristian não tínhamos mais notícias - nosso grupo agora estava dividido em dois grupos distintos.
 Olha a ondaaa!












Chegando na foz do rio Maquiné, as condições foram abrandadas pela proximidade do junco e proteção da margem. Enquanto Tiane atracou junto à balsa, decidi retornar para a lagoa e confirmar que os amigos estavam bem, aproveitando para praticar mais um pouco com a vela no caiaque carregado (já que durante a travessia da lagoa eu optara por não utilizá-la). Encontrei Márcio, Fernando, o pai e o Germano, que usava a vela e parecia bem cansado.
Passando pela balsa, dobramos à direita e entramos no Braço Morto do Maquiné. Logo em seguida, aportamos no Recanto, passando no meio do capim para chegarmos à terra firme. O pai, sempre muito prestativo, apesar de cansado ajudou vários remadores (inclusive eu) a ultrapassar o capim. Também transportamos vários caiaques até o local onde estavam os carros.

 Márcio chegando à foz do Maquiné

 Germano chegando à foz do Maquiné


Fim de jornada!


Germano chegou com as últimas energias e desabou em terra firme:

 :)
Meu amigo Germano, a gente se mete em cada fria, hein???


[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]
Percurso da ilha ao Recanto Maquiné

Black já nos aguardava, trazendo o carro do Márcio. Tratamos de ir organizando as coisas, providenciando água - infelizmente quente, por falta de geladeira...! - e arrumando as tralhas. Fiquei um pouco preocupado com os companheiros que ficaram para trás, especialmente o Cristian, que seguira atrás do Fabiano, por ser menos experiente e não conhecer o local. Já imaginava possíveis cenários, como percorrer de carro as proximidades da margem onde possivelmente estivessem parados, quando Cristian apareceu remando - e felizmente estava bem! Algum tempo depois chegou Fabiano, aparentando bastante cansaço.



Com todos reunidos novamente e o passeio concluído, restou tirarmos a derradeira fotografia:

Uhúúú!!!

Informações disponibilizadas pelo gps:

Distância remada: 31,03 km;
Tempo remado: 5 h 58 min;
Velocidade média: 5,2 km/h;
Velocidade máxima: 9,6 km/h;
Tempo parado: 1 h 16 min;
Velocidade média geral: 4,3 km/h.

Distância remada nos dois dias: 65,47 km.