Sunday, May 18, 2014

Remando no TRAK


No mesmo dia da chegada dos amigos com os caiaques Trak à praia da Fortaleza, em Ubatuba, já me candidatei a aprender a montar esse interessante caiaque skin on frame moderno.
O Trak é um caiaque de médio volume com 16 pés (4,88 metros de comprimento) e 57 centímetros de boca (largura). É completamente desmontável, cabendo em uma grande mochila que também tem rodinhas para facilitar o transporte. O caiaque pesa em torno de 22 kg e pode ser montado rápida e facilmente. Deve-se prestar atenção aos detalhes de montagem, para garantir que funcione eficientemente. Um dos destaques desse caiaque é a adaptabilidade da sua curvatura longitudinal (rocker), que pode ser modificada inclusive dentro da água, enquanto se rema. Uma curvatura menor garante mais estabilidade direcional (tracking), enquanto uma curvatura maior proporciona muito mais manobrabilidade. Essa adaptabilidade é possível graças a um dos três pistões hidráulicos integrados à estrutura de alumínio que dá forma ao caiaque, estrutura essa que é recoberta por um tecido emborrachado bastante resistente.
O Trak vem de fábrica com dois sacos estanques que proporcionam flutuabilidade em caso de alagamento e também servem para armazenar equipamentos. Como acessório pode-se acrescentar um sea sock - uma espécie de cockpit estanque flexível de tecido que limita muito a entrada de água no barco e facilita a retirada dessa mesma água em caso de necessidade de reembarque molhado.


Saí para dar uma remada no Trak do Paul já no final da tarde e com o tempo ameaçando chover. Já nas primeiras remadas achei o caiaque bastante estável em água calma, permitindo um adernamento controlado e tranquilo, denotando uma boa estabilidade secundária. Como todo o skin on frame, percebe-se a flexibilidade do caiaque durante as ondulações.



Passando pela Ponta da Fortaleza, encontrei águas um pouco mais expostas, acrescentando um pouco mais de emoção ao passeio. Logo os primeiros pingos de chuva apareceram, segui até a segunda ponta de pedras e comecei a retornar.






Durante o retorno o tempo fechou definitivamente, a chuva chegou para ficar e começou a escurecer. Liguei a luz estroboscópica presa ao colete na tentativa de ser visto pelos amigos ao contornar a ponta no retorno para a Praia da Fortaleza, embora a chuva tivesse diminuído bastante a visibilidade.



Segundo o fabricante do Trak - http://www.rethinkkayak.com/  - além do pistão que permite o aumento ou a diminuição do rocker, os outros dois pistões laterais podem modificar o casco, torcendo-o para a direita ou para a esquerda, o que poderia atuar de forma semelhante a uma bolina para se contrapor à ação do vento. Acionando-se um pistão, seria possível diminuir a tendência do caiaque de aproar na direção do vento caso necessário, em condições adversas, diminuindo a necessidade de remadas corretivas para manter o rumo. Essa ação não cheguei a testar, pois não havia necessidade e nem as condições propícias para um teste.
Durante a remada cheguei a modificar o rocker radicalmente e pude perceber facilmente a melhoria na capacidade de manobra quando aumentei a curvatura longitudinal. Uma alavanca acionada repetidamente de cima para baixo faz com que ar seja injetado no pistão, aumentando o comprimento da quilha. Esse aumento pode ser gradual, até se chegar a um limite. Para diminuir o rocker há uma pequena válvula que libera o ar do pistão; ao se acionar a válvula, o ar é liberado. Esse retorno não pode ser feito gradualmente - ao menos não consegui fazê-lo - e quando o ar é liberado, o caiaque retorna ao formato original, com curvatura mínima.






Quando retornei à praia já estava escuro e Paul me aguardava um tanto ansioso, pois não sabia que eu havia ido além da ponta. Foi um passeio curto mas bem interessante pela possibilidade de experimentar um caiaque moderno e de características únicas. Valeu, Paul!

[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]