Wednesday, October 10, 2012

Pinheira - remada a Naufragados

Manhã no acampamento na Pinheira

O Sete de Setembro amanheceu radiante, um belo dia com céu azul e poucas nuvens sobre a Praia de Cima, na Pinheira. O vento, conforme previsto, soprava do quadrante Norte.
Mais amigos haviam chegado durante a noite e cedo pela manhã, assim estávamos reunidos: Alvaro e Sarita, que vieram de Brusque; Jair (com a esposa Lúcia e a filha Cristiana) e Alvares, que vieram de Alvorada; Trieste e Maria Helena, que vieram de Porto Alegre; Helio, que veio de Viamão; Marcio, que veio de Osório - além da Tiane e eu.

Marcio e Jair conferindo o equipamento

O roteiro escolhido para o dia seria: Pinheira - Ilha do Papagaio - Ilha de Araçatuba - Naufragados com retorno pelo mesmo caminho.
Foi muito legal ver vários caiaques colorindo a praia:


Tiane e Maria Helena combinando a estratégia para cair fora :)

A excitação pré-remada estava divertida, todos estavam animados e alguns (ou algumas :) também estavam um pouco apreensivos com as condições, já que o vento formava algumas ondas na superfície da água. Maria Helena e Tiane confabulavam sobre o que fariam para desistir da remada se as coisas ficassem pretas...!!!  :)


Antes de entrarmos na água, posamos para a foto do grupo:

[Foto: Sarita Fagundes]
Da direita para a esquerda: Alvaro, Helio, Trieste, Maria Helena, Jair, Alvares, Marcio, Tiane e Leonardo Esch

Saindo!

Estava bonito de ver os caiaques pinoteando nas pequenas ondas formadas pelo vento. Segue o relato da Tiane: "O dia estava bonito, tinha sol e um vento fraquinho. Não haviam carneirinhos no mar, o que indicava que seria uma remada tranquila. Ledo engano! Nas primeiras remadas senti que algo estava errado, remava e a sensação era que o caiaque não estava dentro d'água e senti dificuldade no equilíbrio também. Logo lembrei, que o caiaque estava sem peso. Normalmente, remamos com o caiaque lotado de tralhas, o que dá uma certa estabilidade ao caiaque e sem peso, parecia que iria virar a qualquer momento. Em seguida comuniquei meu medinho ao Leonardo, falei que se pegasse uma onda de lado, eu ia virar. Para ajudar, o mar estava com vento e ondas, que apesar de virem de frente, não deixaram a remada mui tranquila! Após esta travessia, finalmente chegamos num canal abrigado, na Ilha do Papagaio." [http://seminhabicifalasse.blogspot.com.br/2012/09/caiacada-na-pinheira-no-feriado-da.html]

Alvaro




Ilha do Papagaio

Atravessamos a Enseada da Pinheira rumando diretamente para o canal entre a Ponta e a Ilha do Papagaio, parando em uma pequena praia da ilha. Nessa praia exite um resort de luxo, a Pousada do Papagaio. Fomos recebidos por uma senhora que trouxe folders da pousada e ofereceu possibilidade de almoço por módicos R$ 105,00 - na verdade, uma maneira "educadamente discreta" (será?) de nos dizer que aquele não era nosso lugar... Alguém entrou no jogo e perguntou se havia heliponto, porque na próxima oportunidade viria de helicóptero para almoçar... :)





Tiane

Jair

Marcio, Alvaro e Alvares

Olhando para nosso próximo destino...
...a Ilha de Araçatuba e, ao fundo, o farol de Naufragados.



Depois dessa parada para descansar, fotografar a paisagem e descontrair, voltamos para a água. A ideia seria pararmos no lado Norte da Ilha de Araçatuba onde, segundo Trieste, encontraríamos uma pequena praia para desembarcar. Dali seguiríamos para Naufragados.


No final do canal entre a ilha e a ponta passamos a remar sentindo o leve swell vindo da direita (de Leste), do mar aberto. Vindo da proa (Norte), a ondulação provocada pelo vento. À nossa esquerda, lentamente o costão foi passando.

À esquerda, a ponta do costão.


Passamos pelo canal entre o costão e a Ilha de Araçatuba. Chegando perto da ilha, aproveitamos a 'sombra' proporcionada pela terra na parte Sul. Mas na parte Norte a água estava agitada e a ondulação de vento estava maior, pois a energia do vento era transferida para a água ao longo de um grande percurso, por toda a Baía Sul de Florianópolis. O desembarque na ilha era impraticável, pois não havia praia, apenas pequenos trechos de areia por entre as pedras. Trieste e Maria Helena se aproximaram mais da ilha e indicaram que não desceríamos - a próxima parada seria em Naufragados.

Passando por Araçatuba

Quando passávamos pela ilha, eu seguia perto da Tiane, que seguia perto do duplão de Trieste e Maria Helena. Quase todos estavam mais à frente, exceto Jair e Alvares, que fechavam o grupo. Na travessia entre a ilha e o farol de Naufragados, ainda perto da ilha, quando olhei para trás, vi que o Jair tinha capotado. Eu estava acompanhando a Tiane e isso lhe dava uma certa sensação de segurança e sabia que Jair e Alvares já haviam treinado resgates em várias oportunidades, estavam com bombas e cabos de resgate, mas mesmo assim me senti compelido a retornar para ver se tudo estava bem. Trieste e Maria Helena haviam visto que Jair capotara, mas Tiane não. Eles seguiriam juntos, então fiquei mais tranquilo para retornar. Naquela hora imaginei que quando chegasse já encontraria Jair de volta ao caiaque, mas no deslocamento percebi que estavam com dificuldade. Alvares não conseguia se aproximar de Jair, que se mantinha segurando caiaque e remo.
Jair começava a se aproximar das pedras da ilha, então a prioridade seria sair dali. O cabo de resgate do Alvares não tinha mosquetão na extremidade, de modo que não conseguiu usá-lo. Encostei no caiaque do Jair, passei o meu cabo por baixo das linhas de vida (ou linhas de perímetro) da proa do seu caiaque e prendi o mosquetão na cintura, começando a rebocá-lo. Por bem pouco não fomos parar nas pedras. O caiaque do Jair estava cheio d'água e Jair segurava na popa, de modo que, apesar de a força para rebocar fosse grande, a velocidade era bem baixa. A tendência seria sermos levados pelas ondas para as pedras. Mas conseguimos nos safar e alcançar águas mais seguras. Encostei de um lado do caiaque e Alvares conseguiu se aproximar e encostar do outro lado. Com essa plataforma estável, Jair conseguiu voltar a bordo. Tentou usar sua bomba, mas não conseguiu; tentou usar a bomba do Alvares, que também não funcionou. A terceira tentativa, com minha bomba, deu certo. O vento estava relativamente forte, arrancando o boné do Alvares da cabeça. Felizmente consegui pegá-lo antes de afundar.
Com grande parte da água retirada do caiaque, bastava agora retirar o cabo de reboque para voltarmos a remar. As pedras do costão já estavam bastante próximas pela ação de vento e ondas em nossa balsa de três caiaques. Alvares tentava tirar o cabo de reboque, que estava bastante enrolado. Levamos bastante tempo para conseguir algo que deveria ser simples e quando conseguimos mais uma vez as pedras estavam próximas.
As duas últimas imagens da postagem mostram especificamente o track gerado pelo gps que eu levava no deck do caiaque.
Faço aqui um parêntese nessa breve e simplificada narrativa para descrever o erro que cometi. Se servir para que um leitor não cometa o mesmo erro, já terá valido a pena.
Pois bem.
Quando tratei de rebocar o caiaque do Jair, poderia ter pedido ajuda ao Alvares para puxar o Jair (que poderia ter segurado no caiaque do Alvares), mas as condições não estavam fáceis e poderia provocar mais um capotamento, talvez. De qualquer forma, procurei rebocar ambos, o Jair e o caiaque, pois as pedras estavam próximas. Como relatei, o caiaque estava cheio d'água e o reboque foi pesado. Mas algo que eu poderia ter evitado tranquilamente foi a "massaroca" do cabo do reboque. Passei meu cabo por baixo das duas linhas de vida do caiaque do Jair e prendi o mosquetão na minha própria cintura, ficando assim com as duas extremidades do cabo comigo, imaginando que, se fosse necessário, seria possível liberar rapidamente o cabo, bastando soltar o mosquetão da minha cintura. Mas isso se revelou um fator complicador, porque o cabo não deslizou por debaixo das linhas de vida. Acabou ficando um cabo duplo, com uma parte curta e outra bem comprida (como se fossem dois cabos rebocando simultaneamente). Foi isso que causou toda a massaroca ao final e o que quase nos fez parar nas pedras novamente.
Avaliando a situação hoje, acredito que o melhor teria sido sacar a parte mais curta do cabo (esse cabo que tenho possui duas partes, uma curta e outra comprida) e prender diretamente o mosquetão na linha de vida (depois de passá-lo por debaixo da outra). Bem mais simples, bem mais rápido. E sem complicação na hora de desfazer o sistema.

Abaixo, imagens capturadas automaticamente pela câmera GoPro instalada no deck do caiaque do Jair:

Continuamos a remada, passando nas proximidades do farol de Naufragados. A ponta onde fica o farol passou a fornecer proteção contra o vento e as ondas e a chegada na praia foi absolutamente tranquila. O grupo estava novamente reunido e todos estavam bem!

Passando pelo farol em Naufragados

Naufragados



Ficamos bastante tempo aproveitando a praia, que aliás é superbonita. Curtimos o sol, descansamos, conversamos, fotografamos e almoçamos.


Combinamos que no retorno aproveitaríamos a parte abrigada da Ilha de Araçatuba, passaríamos novamente pelo costão e faríamos uma pausa no canal entre a Ilha do Papagaio e a ponta de mesmo nome. Ali decidiríamos entre seguir direto para o camping na Pinheira ou remar acompanhando o contorno da costa até chegar no acampamento.

Hora de voltar para a água

Farol de Naufragados

Passamos pela parte abrigada de Naufragados em direção ao farol e cruzamos para a ilha. Tiane estava bastante insegura, reclamando que o caiaque não obedecia ao seu comando. Antes de sairmos, seguindo o exemplo do Jair, enchi duas sacolas com areia e coloquei no caiaque da Tiane, para que ficasse menos instável.


Jair e Alvaro

Passando pela Ilha de Araçatuba

Passando pelo costão

No percurso final pelo costão Tiane estava demasiadamente afastada, procurando evitar a zona mais turbulenta em que as ondas refletem nas pedras. Esse afastamento excessivo poderia até mesmo se tornar perigoso, pois ela estava rumando para as pedras da ilha, então tratei de colar ao lado dela para ajudar a corrigir o rumo. Pouco tempo depois estávamos nas águas protegidas do canal.



Uhúúúú!!!


Na rápida pausa que fizemos no canal ficou decidido que atravessaríamos novamente a Enseada da Pinheira, rumando diretamente para o camping. As ondas de vento agora passariam a vir pela popa.


Tiane estava bastante insegura, reclamando que o caiaque não obedecia por estar sem leme. Conectei o cabo de reboque ao seu caiaque e, remando na frente, procurei ajudar a manter a direção correta até chegarmos nas proximidades da praia.

Quase chegando na praia

No final dessa remada cheia de emoções o saldo foi positivo. Confraternizamos, nos divertimos e aprendemos bastante, individualmente e em grupo. Foi bacana compartilhar esses momentos com amigos e foi muito bom começar a conhecer o Alvaro - que seja a primeira de muitas remadas juntos! 


Informações disponibilizadas pelo gps:

Distância remada: 15,76 km;
Tempo remado: 3 h 42 min;
Velocidade média: 4,3 km/h;
Velocidade máxima: 11,6 km/h;
Tempo parado: 1 h 59 min 27s;
Velocidade média geral: 2,8 km/h.

 [Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]
A região da Praia da Pinheira

 [Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]
O percurso da remada

 [Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]
Percurso de ida e volta nos arredores de Araçatuba

 [Trajeto sobre imagem do Google Earth]
Acima, o percurso na passagem pela Ilha de Araçatuba; abaixo, o percurso durante o resgate.
[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]