Monday, March 23, 2009

Atualizações de fim de março - Desafio de Verão

Corrida de aventura Desafio de Verão em Nova Petrópolis:


No link acima, da Adventuremag, há várias opções interessantes, inclusive o tracking por gps de algumas equipes (quartetos).

No sábado, dia 7, véspera da prova, havia a confirmação de inscrição (entrega da ficha de inscrição, do termo de responsabilidade, da ficha médica e do cheque caução para utilização do caiaque), entrega de alimento não perecível e conferência do equipamento obrigatório. Cheguei ao Centro de Eventos por volta das duas horas da tarde e apenas encontrei os envolvidos com a organização. Os competidores começaram a aparecer bem mais tarde e grande parte das equipes chegou ao mesmo tempo - algumas até mesmo após o prazo estipulado pela organização para que essas tarefas fossem feitas -, o que ocasionou um grande congestionamento na fila para confirmação e conferência. Comentei com o amigo Luís, de Santa Cruz do Sul - que não via há anos! - que, se organizasse uma atividade desse tipo, os horários seriam cumpridos e as equipes que chegassem após o horário estariam automaticamente eliminadas da competição. Afinal, para que existe um cronograma? Na hora de qualquer cobrança com relação à organização as equipes são as primeiras a reclamarem, mas no que toca a elas, deixam muito a desejar.

Às 17h 23 min a fila ainda era grande...
À noite houve a apresentação das equipes (e uma pequena homenagem às mulheres competidoras, visto que no dia seguinte seria comemorado o seu dia), a entrega de um kit aos participantes e o briefing (reunião técnica sobre a prova), onde foi divulgado o local da saída na madrugada do dia seguinte. Nem mapa nem maiores informações sobre a prova foram ventilados, deixando todos na expectativa. A janta foi servida após o encerramento do briefing.
Carregamento das embarcações

No domingo, dia 8, a concentração para a entrega dos mapas e posterior largada (da categoria expedição, com 70 km de percurso) foi às quatro e meia da manhã, em frente à fábrica de calçados na entrada para o bairro Pia (onde fica a cooperativa de mesmo nome). Os mapas foram entregues e as coordenadas da largada e dos primeiros pontos de controle (PC) e áreas de transição (AT) estavam anotadas em um papel anexo. Os pontos de controle são locais por onde as equipes têm de passar, marcando seu cartão de controle com uma espécie de perfurador (utilizado comumente nas competições de orientação), comprovando assim que efetivamente fizeram o percurso proposto. As áreas de transição são locais onde é modificada a forma de deslocamento da equipe pelo terreno. Nessa competição em particular, o PC01/AT01 estavam localizados nas proximidades do rio Caí, depois de uma longa descida por estrada de chão que foi percorrida a pé, sob a luz das lanternas de cabeça. Nesse primeiro PC as equipes receberam as embarcações (quartetos e duplas remaram "ducks", que são caiaques infláveis, enquanto os competidores da categoria solo remaram caiaques plásticos abertos "sit-on-top"). O recebimento dos barcos não foi nas margens do rio e cada equipe tratou de escolher o melhor caminho para chegar à água. As minhas pernas já estavam doloridas de tanta descida e a etapa de remo foi muito agradável, pois eu estava me sentindo em casa remando. Nas corredeiras a água tratava de refrescar boa parte do corpo (e o corpo inteiro de alguns competidores que passei - se não me engano era a equipe da Famastil Adventure, de Gramado), foi bem gratificante. No final do remo havia um barranco escorregadio por onde era necessário arrastar o caiaque até o PC02/AT02 onde ficamos sabendo que havia mais uma etapa de trekking - recebemos mais quatro pontos para plotagem no mapa da prova -, primeiramente por estrada de terra, cruzando o asfalto da BR116 e seguindo por uma trilha brutal no meio do mato com aproximadamente 650 metros de desnível em menos de três quilômetros de extensão horizontal.



Quando estava mais ou menos no meio da subida, acompanhando a equipe Atac Guenoa Orion Design, de Caxias do Sul, subitamente senti que não chegava mais água pela mangueira do cantil flexível que levava na mochila (popularmente conhecido por Camelback). Rapidamente retirei a mochila, para procurar algum ponto onde algo estivesse pressionando ou obstruindo a mangueira e fiquei pasmo quando vi que a água havia acabado! Em pouco tempo de prova, havia consumido dois litros e meio!!! O jeito foi continuar sem água pirambeira acima naquela escalaminhada que parecia não ter fim... Parecia, mas teve, justamente ao lado da rampa de decolagem de vôo livre. Logo adiante estava o PC04/AT03, onde começaria o trajeto em mountain bike. Que felicidade: além de parar de caminhar, passando a pedalar, ainda por cima seria para baixo!!! A felicidade não durou muito, mas ao menos eu tinha água nas duas caramanholas que levava na bicicleta. Antes de chegar à Linha Pirajá era preciso pedalar forte para subir uma lomba íngreme. Depois de passar pela localidade, era preciso encontrar uma estradinha que rapidamente ia se deteriorando até se transformar em trilha com várias bifurcações e, mais adiante, encontrei o próximo ponto de controle (PC05). Dali em diante o mapa indicava uma grande descida, o que significaria mais alegria!!! Que engano, novamente! A descida era tão íngreme e a trilha tão ruim - alternando passagens por dentro de mato com muitos cotovelos e cipós prendendo o guidom com trechos erosionados formando grandes valetões - que era preciso descer segurando a bicicleta e se equilibrando para não rolar morro abaixo! No final da trilha até foi possível pedalar novamente, chegando ao arroio Paixão, onde encontrei estrada de chão novamente. Naquele ponto era possível optar entre dois caminhos: o mais curto, à esquerda, subia; o mais longo, à direita, descia. Como estava me sentindo cansado, optei pelo caminho mais longo, descendo, para poder parar na Sociedade Arroio Paixão e me abastecer com água. Ali aprendi uma das lições da prova: por mais improvável que pareça, leve sempre dinheiro em uma corrida de aventura!!! Os refrigerantes estavam ali, geladinhos, cheios de energia que entraria diretamente na corrente sanguínea, mas eram como uma miragem para mim...

Tratei de pôr o pé na estrada para continuar descendo até encontrar novamente o vale do rio Caí e logo em seguida começar a subir pelo arroio Temerária rumo ao PC06. A subida se mostrou extremamente desgastante para mim, logo eu estava empurrando a bicicleta e ao mesmo tempo me apoiando nela. Quando faltavam pouco mais de dois quilômetros para o PC06 sucumbi à exaustão e me atirei na valeta ao lado da estrada. Pensei em comer algo, mas estava tão enfraquecido que me apoiei na mochila e acabei dormindo (ou desmaiando, não sei...). Fiquei ali imóvel por mais de uma hora, até aparecer uma equipe - casualmente a mesma Famastil Adventure que eu havia passado no rio Caí. Eles também pararam para descansar e comer alguma coisa. Enquanto isso, o tempo corria...

...e, com ele, as equipes de ponta se aproximavam cada vez mais da chegada. Alheio à competição, lembrei-me apenas que havia um horário de corte no PC06. Após esse horário as equipes que passassem por lá deveriam se dirigir diretamente para a linha de chegada. Foi nesse momento que optei por não concluir o que havia me proposto (meu objetivo era concluir a prova), seguindo tranquilamente para o ponto de controle. Nesse ponto fui registrado às 13 h 13 min. Estava, portanto, oficialmente fora da prova. Naquele PC deveria haver distribuição de frutas e água. Das frutas nem sinal, já haviam sido distribuídas. A água havia acabado e a solução foi apanhar água num riacho próximo, de modo que a organização tinha somente água turva a oferecer. Não sei se foi pela amizade ou por pena, acabei recebendo uma água limpa e geladinha que o pessoal que cuidava do PC havia levado para consumo próprio e, em vez das frutas, prepararam algumas chuletas em uma chapa! Obrigado, pessoal, estava uma delícia!!!

Depois de tanta mordomia, acabei recebendo uma carona de camionete juntamente com a Famastil Adventure até a chegada na Praça das Flores, centro de Nova Petrópolis, onde várias equipes descansavam e outras chegavam (havia também a categoria Adventure, mais curta, e os iniciantes). Foi um grande momento de descontração e de confraternização entre os participantes e também hora de saber as últimas notícias da prova, como um resgate de helicóptero e um tombaço de bicicleta de um integrante da K'Lango, de Nova Petrópolis logo no início da descida do Ninho das Águias, assim como o desempenho impressionante do vencedor geral da prova, Marcelo Santos. Apesar de não atingir o meu objetivo, que era conseguir completar o percurso, valeu a pena a participação, pois foi um impulso necessário para retomar as atividades físicas de maneira frequente. Já comecei a treinar para a prova do ano que vem!!!

Não é fácil organizar um evento desse porte e pequenas falhas sempre aparecerão e podem ser corrigidas na próxima edição; felizmente a segurança sempre esteve acima da competitividade e o trajeto demonstrou quão variável pode ser o terreno de Nova Petrópolis, o que certamente torna a cidade uma excelente opção de local para atividades de aventura na natureza! Parabéns aos organizadores, especialmente ao Sammy Ueno!

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