Tuesday, March 08, 2011

Remada com vela e ondas no Guaíba!

Saída em Porto Alegre

Do outro lado do rio, as chaminés poluidoras de Guaíba.

Algumas vezes uma remada pode não sair como foi planejada e, mesmo assim, resultar em belas e divertidas experiências. Foi o caso desta...

Germano e Fabiano haviam combinado um encontro em Guaíba para conhecer a Guahyba Associação de Canoagem e aproveitar para uma remada. A ideia seria chegar às oito horas, conversar com os responsáveis que estivessem no local e depois sair para remar na direção Sul, passando pela Ponta da Alegria, Ponta da Figueira, Itaponã e entrar no arroio Petim - por onde já havíamos remado mas sem entrar no arroio. Retornaríamos depois ao ponto de saída. Fabiano levaria um amigo que não conhecíamos para remar também. Eu, como estava "louco" por uma remada com a vela, decidi sair antes, da margem oposta do rio Guaíba. Atravessaria o rio passando perto da Ilha das Pedras Brancas e encontraria o grupo na associação de canoagem.
Desta vez Tiane não participou da remada, mas fez o favor de me deixar no ponto de partida, acompanhada pelo sempre disposto a viajar Tombinho. Era cedo, o dia começava a ficar ensolarado e uma brisa soprava do Sudeste. Pela previsão do Windguru o vento só aumentaria à tarde, mas decidi guardar a máquina no saco estanque para evitar mais uma perda de equipamento - alguns dias antes eu havia estragado minha pequena filmadora em um incidente estúpido já com o caiaque encostado na margem...
As primeiras remadas foram em águas tranquilas e leve brisa, mas à medida em que me afastava da proteção proporcionada pela costa o vento foi aumentando e, com ele, também as ondas. Fui remando e monitorando duas embarcações, que passaram subindo o canal de navegação à minha frente. No canal as ondas estavam maiores e algumas com as cristas arrebentando, o que exigia atenção constante. A vela proporcionava uma boa velocidade e uma certa estabilidade ao evitar movimentos mais bruscos. Com bastante tensão por estar remando sozinho, deixei a Ilha das Pedras Brancas a bombordo e segui para onde achava que ficaria a sede da associação de canoagem. Chegando mais perto da margem, mudei o rumo quando localizei o prédio e em pouco tempo encostava em um pequeno espaço ao lado de uma rampa íngreme. Na margem, junto com areia, havia entulhos de construção e pedras, além de  algum lixo trazido pelo rio. Deixei o caiaque fora do alcance das ondas e sentei-me sobre a rampa. De uma margem a outra eu havia remado menos de 40 minutos. Havia chegado mais cedo do que o combinado e agora teria tempo para me secar um pouco e me acalmar da tensão da travessia fotografando o rio.


Ilha das Pedras Brancas

A inconfundível silhueta do Morro da Ponta Grossa



Germano chegou algum tempo depois e ficamos conversando com um aluno da escolinha de canoagem enquanto aguardávamos Fabiano e seu amigo. A associação tem participação da prefeitura de Guaíba, de modo que alunos da rede municipal têm a possibilidade de cumprirem suas aulas de Educação Física remando no rio Guaíba. Uma boa ideia!
Fabiano chegou e fomos apresentados ao Fernando, seu amigo que havia conhecido através de um fórum sobre caiaques na internet. Fernando havia remado em Gravataí e adquirira seu caiaque plástico - "sit on top" (também chamado de "caiaque aberto" porque o remador não "entra" no caiaque, mas senta-se sobre ele - há pouco tempo, tendo remado em duas ocasiões, uma em Gravataí e outra em Porto Alegre, da Fundação Iberê Camargo à Ponta Grossa.
Na associação conversamos com "Pirata" (Paulo), Diretor de Patrimônio, que contou-nos um pouco a respeito das atividades e das parcerias e mostrou-nos o interior do prédio. Depois da conversa fomos buscar os caiaques nos carros do Germano e do Fabiano.

Fabiano e Fernando descendo a rampa

A frota pronta para partir

O vento havia chegado para ficar e por isso já comecei a usar a vela na saída. As ondas deixavam o caiaque instável e desconfortável para fotografar, de modo que me concentrei na remada em direção às chaminés poluidoras de Guaíba, na Ponta da Alegria.

Rumo às chaminés poluidoras de Guaíba, na Ponta da Alegria.



Chegando à Ponta da Alegria, encontrei águas mais abrigadas e constatei que havia deixado meus companheiros de remada muito para trás. Passei pela área de lançamento de efluentes da indústria onde a água estava realmente muito quente - tão quente que eu sentia o calor nas pernas, dentro do caiaque. Em uma próxima remada nesse local levarei um termômetro para comparar as temperaturas da água em diversos pontos.
Fiz uma volta e comecei a remar ao encontro dos amigos, que já chegavam à área mais abrigada. Fomos nos preparando para contornar a Ponta da Alegria, que estava cheia de ondas.


Caiaques rumo à Ponta da Alegria

Dobramos a Ponta da Alegria em meio a muitas ondas, algumas com as cristas quebrando. O vento havia aumentado ainda mais e com a vela acabei me distanciando novamente dos amigos. Logo depois de passar pela extremidade da ponta existe uma área com profundidade maior onde navios se aproximam (por causa da indústria de celulose) - ali as ondas estavam maiores ainda, parecia que estávamos no mar! Dali rumei para a areia da praia, pois como havia me distanciado queria tentar fotografar os amigos remando.
Além de tirar algumas fotografias, aproveitei para fazer um registro em vídeo, que ficou interessante apesar da baixa qualidade da filmagem (eu não tinha mais minha pequena filmadora, somente a máquina fotográfica).

À esquerda, a Ponta da Alegria.

Farolete para orientar os navios que atracam na indústria




Quando chegaram à região com mais ondas, Germano, Fabiano e Fernando viram que eu estava na praia e vieram em minha direção. Quando mudaram de rumo, as ondas começaram a atingí-los de través e Fernando acabou capotando. Germano estava um pouco na frente, preocupado com as ondas e não percebeu o acontecido até chegar na praia. Fabiano viu que Fernando havia virado e retornou para segurar o caiaque, que já flutuava para longe. Também recuperou o remo. Na ocasião não percebi, mas posteriormente Fernando relatou que o colete ficava muito folgado e não permitia mais ajuste, então enquanto o colete flutuava a tendência do seu tronco era descer, tornando difícil a permanência na água; para piorar a situação, ele não sabia nadar. Fabiano percebeu o amigo em dificuldades e largou caiaque e remo - que de qualquer maneira flutuariam até a praia - e tratou de ajudar Fernando a chegar em águas mais rasas. Germano percebeu o caiaque indo para a margem e foi resgatá-lo. Eu continuei filmando, acreditando que estava tudo sob controle e que seria só mais um tombo provocado pelas ondas. Estava tranquilo com relação à segurança de todos, pois o vento e a ondulação transportavam tudo para a praia e não para longe da margem; não havia movimento de embarcações que pudessem colocar a segurança de alguém na água em risco; todos estávamos usando coletes salva-vidas e os caiaques estavam em condições de uso, com reserva de flutuação. O que eu não sabia era a condição particular do colete do Fernando (muito frouxo e não permitindo regulagem adequada) e do próprio Fernando, que não sabia nadar - mas que apesar disso se comportou muito bem, sem perder a capacidade de reação. Depois de alguns minutos Fernando estava de volta à terra firme e seu caiaque estava junto com os demais.

Para ler as impressões do Germano, ver suas fotos e apreciar seu vídeo, por favor visite o seu blog clicando aqui > Caiaques & Tralhas

Fernando, feliz por pisar em terra firme!

Germano e Fabiano transportando o caiaque do Fernando para junto dos demais

Trocando impressões sobre o acontecido

[Vídeo capturado com a máquina fotográfica - baixa definição. Música: There ain't no way (Lobo)]


Chegamos à conclusão que o melhor seria encerrar a remada na Praia da Alegria (alguns metros ao lado) por falta de condições para uma remada prazerosa e segura, especialmente no caso do caiaque do Fernando, que não fora projetado para esse tipo de uso. Fabiano se dispôs a ir buscar o seu carro [remando, e não a pé como eu pensava - como fiquei sabendo só depois de concluir a postagem] e enquanto isso aproveitei para brincar um pouco mais em meio às ondas e aprender um pouco mais sobre o comportamento do meu caiaque com a vela naquelas condições. Também remei um pouquinho com o caiaque do Fernando, achando-o extremamente instável para aquelas condições. O canoísta fica sentado em uma posição muito elevada, o que torna o caiaque instável. Para águas calmas poderia ser bom em deslocamentos curtos, mas para aquelas condições chegava a ser perigoso. Fernando chegou a pedir desculpas, chateado por ter "terminado com nossa remada", mas eu disse-lhe que não era o caso, pois estávamos ali para nos divertir e passear. A diversão ficou garantida pelas ondas e o "mar" não estava adequado para passeios. Espero que nosso novo companheiro de remada não se sinta constrangido com o acontecido - afinal não teria nenhum motivo para isso - e numa próxima remada participe conosco!!! Valeu, Fernando, seja bem vindo!

Conversas sobre tipos, tamanhos, formas, cores e usos... de caiaques, é claro!

Uhúúúúú!!! Fim de remada.

Aos amigos o muito obrigado pela companhia e até a próxima remada!!!

[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]

[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]

[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]

[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]

Informações disponibilizadas pelo gps:

Distância remada: 13,39 km;
Tempo remado: 2 h 1 min;
Velocidade média: 6,6 km/h;
Velocidade máxima: 13,8 km/h;
Tempo parado: 2 h 49 min;
Velocidade média geral: 2,8 km/h.

5 comments:

Fabiano Krauze said...

Bela Postagem só precisa corrigir que não voltei a Pé pra buscar o carro e sim por agua remando.

Leonardo Esch said...

Opa! Informação incorreta, Fabiano, já foi corrigida! Sabes que eu nem vi tu saindo? Acho que fiquei conversando com o Fernando sobre o ocorrido, ou então já estava entretido brincando nas ondas!

Formigão said...

Vocês estão de parabéns, viver sempre em contato com a natureza nos faz esquecer das loucuras da cidade grande.

Leonardo Esch said...

Olá Elizeu!
Obrigado pela visita ao blog e pelo comentário! Realmente o contato com a natureza é a essência de nossa vida, pois quando estamos mais perto dela reduzimos nossas necessidades ao que realmente importa e assim tudo fica mais fácil. O difícil é transformar a teoria em prática!

Lucas Petry Bender said...

Bem massa esse blog, grande astral. Estive em Guaíba e observei vários caiaques na água, mas não me aproximei do local de onde eles partiam. Tu sabe me dizer se há aluguel de caiaques em Guaíba? Ou mesmo em Porto Alegre?
Valeu, abraço