Tiane
Acordamos cedo, depois de uma noite tranquila no acampamento dentro do Grupo de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros. Apesar de toda a luminosidade do centro de Florianópolis e de nosso acampamento estar a poucos metros da avenida Beira Mar, conseguimos recuperar as energias.
Antes das oito horas da manhã (horário da formatura para hasteamento da Bandeira Nacional) já estávamos na água.
Deixando o nosso porto seguro, o Corpo de Bombeiros.
O dia amanhecia cinzento por conta das nuvens baixas e a temperatura estava agradável. Imaginei que filmar um rolamento com a ponte (cartão postal de Florianópolis) poderia ficar bonito, e lá fui eu para a água...
Eu queria fazer um rolamento com a ponte ao fundo...
Afastando-nos dos Bombeiros, seguimos costeando, relativamente próximos da orla "enfeiada" por uma muralha de altos prédios de concreto.
Seguindo pela orla
Teríamos basicamente dois roteiros para seguir: navegação costeira, acompanhando a margem, ou rumo direto para a Ilha do Guará Grande, a convite do bombeiro Paulo. Rapidamente nos agrupamos e decidimos conhecer a ilha.
[Trajetos e legendas sobre imagem do Google Earth]
Remada para a Ilha do Guará Grande
Mudando o rumo para a Ilha do Guará Grande
O mar, inicialmente liso, passou a ficar levemente encrespado com a brisa que chegou para dispersar as nuvens baixas. Os caiaques deslizavam tranquilamente, impulsionados por nossas remadas na direção daquele pequeno ponto de terra ao longe.
Rumando para a ilha
Lentamente o pontinho de terra foi ganhando forma e os contornos foram ficando mais nítidos. As rochas, a vegetação e o trapiche começaram a se destacar, mas as edificações nós enxergamos somente quando encostávamos na praia.
Chegando na ilha
O bombeiro Paulo nos recebeu muito bem e foi logo nos mostrando a "sua" ilha. Ele é o responsável por toda a manutenção - e, faça-se justiça, realiza muito bem sua missão! O pátio impecavelmente limpo e as dependências muito bem cuidadas demonstravam todo o zelo dedicado e as palavras entusiasmadas do nosso anfitrião só corroboravam a excelente impressão que tivemos. Duas cadelinhas e algumas galinhas ajudavam a dar um ar pitoresco ao lugar. Contrastando com a imagem de "sítio", instalações para captação de água da chuva e energia solar.
Um dedo de prosa com Paulo
Ilha do Guará Grande
Localização: Baía Norte
Área: 9350 m²
Distância: 4500 m da sede do GBS
Vegetação: rasteira típica
Altitude: 5 m acima do nível do mar
Superfície: plana e arenosa com pedras sobrepostas
Depois de água gelada, ótima conversa, bela paisagem e algumas fotografias, estava na hora de seguir viagem. Ficou o convite para retornarmos outro dia, quem sabe acampando nesse belo local. Obrigado, Paulo!!!
Ilha do Guará Pequeno à esquerda
Saindo da Ilha do Guará Grande, aproamos os caiaques para a Ponta de Cacupé e enxergamos a Ilha do Guará Pequeno à nossa esquerda. A água continuava bastante calma.
Seguindo viagem
Cacupé na proa
Na Ponta de Cacupé passamos por belas pedras.
Olhando para trás
Pescadores
Contornando a Ponta de Cacupé, começamos a ficar de olho em alguma praia para um merecido banho, afinal o calor estava aumentando. Como já ia tomar banho mesmo, aproveitei mais uma vez para treinar o rolamento e a varredura lateral.
Esfriando a cabeça
O banho de mar foi muito bem vindo e o local foi escolhido a dedo: uma bela prainha entre duas pontas de pedra.
Banho de mar em Cacupé
Minha sereia é diferente: metade mulher, metade caiaquista... :)
Da prainha em Cacupé rumamos para Santo Antônio de Lisboa. Aproveitei as belas rochas para passar raspando no meio de duas pedras.
[Foto de Tiane]
[Foto de Tiane]
Santo Antônio de Lisboa
Desde a saída da ilha comentávamos sobre parar para tomar uma cervejinha; quando chegamos em Santo Antônio de Lisboa, chegou a hora! Confortavelmente instalados em uma mesa na beira da praia, brindamos a essa bela remada. Uma pena que não contávamos com mais amigos para compartilharmos esse ótimo momento. Germano, Maciel, Álvaro, Otávio, Marcio (que nos encontraria mais adiante) e outros amigos remadores teriam sido bem vindos!!!
Saúde!... Prost!... Cheers!...
Ainda estava um pouco cedo; sugeri uma parada antecipada para o almoço, mas fui voto vencido. Trieste e Maria Helena propuseram parar na ilha Ratones Grande e Tiane "votou em branco". Lá fomos nós!
Love is in the air!
De Santo Antônio de Lisboa seguimos costeando e paramos na praia de Sambaqui para mais um banho refrescante antes de passarmos pela Ponta da Ilhota. De lá marcamos o rumo para a ilha Ratones Pequeno, logo ao Sul de Ratones Grande.
Costeando
Da Ponta da Ilhota rumo à ilha Ratones Pequeno
Chegamos em Ratones Pequeno com o vento Nordeste aumentando de intensidade. Aterramos por breves instantes na praia, que já estava ocupada por pescadores. Com o vento aumentando, decidimos sair logo dali para irmos a Ratones Grande, pois gostaríamos de visitar a Fortaleza de Santo Antônio. Trieste e Maria Helena saíram na frente, mas logo faziam meia volta. As condições estavam piorando rapidamente, diziam eles, com Tiane fazendo coro. Por mais que eu argumentasse que remaríamos na sombra da ilha e que depois pegaríamos ondas somente pela proa, o placar foi uma sonora goleada: 3 x 1. Visita abortada!
Visita abortada
Passamos a remar novamente em direção à Ilha de Santa Catarina, recebendo as ondas pela bochecha de bombordo (diagonal esquerda, à frente). Com bastante paciência, enquanto Trieste e Maria Helena distanciavam-se à frente, fui acompanhando o lento ritmo da Tiane, que estava cansada.
Bem lentamente fomos nos aproximando diagonalmente da costa e ao longe podíamos avistar uma praia. Trieste e Maria Helena rumavam para lá, onde poderíamos nos reagrupar e descansar antes da última travessia até a ponta da praia de Daniela, que era o nosso objetivo para o final do dia.
Chegando na praia
A praia onde chegamos era muito bonita, com pedras nas duas extremidades e uma árvore frondosa oferecendo sombra. Aterramos diretamente na sombra.
Maria Helena e Trieste encontraram o caseiro da propriedade e pediram permissão para descansarmos ali. Descansamos, apreciamos a beleza do local e comentamos que seria um excepcional ponto de parada. Nesse ponto peço licença para reproduzir o texto da Tiane, que relatou muito bem o que se passou:
"Em seguida eles [Trieste e Maria Helena] contaram que aquela era uma praia particular mas que o caseiro havia permitido que descansássemos um pouco por ali. Puxa! Que legal! Não é incomum sermos recebidos por caseiros ou proprietários nada solidários, já aconteceu até de nos receberem armados, como se não soubessem que toda a costa brasileira é de propriedade da Marinha, mas tudo bem, deixemos essa discussão para uma outra oportunidade.
Conversando sobre o quão cansativa havia sido a remada, e admirados com a beleza daquela praia particular, com mesas, bancos, um gramado muito bem aparado, chuveiro quase na beira da praia, e todo aquele visual convidativo, imaginamos como seria bom acampar ali. Mas isso era impossível, o caseiro não deixaria nunca! Maria Helena resolveu usar seu charme de sexagenária e confirmar se isso seria mesmo uma missão impossível. Ela foi atrás do caseiro e eu fui para a água catar conchinhas antes de ter que sair dali, pois eu não tinha dúvidas de que teríamos que tirar nosso time de campo. Eis que tive o meu segundo alívio: o caseiro deixou que acampássemos ali!!!!!!!!!!!!!!!! Só pediu que usássemos a água do chuveiro com moderação não sei por que cargas d'água, mas a essa altura do campeonato, isso era de menos! Que maravilha! Ficamos todos contentes com a notícia e Leonardo tratou de montar nossa barraca logo, antes que os mosquitos resolvessem nos fazer companhia."
[Para ver a bela postagem da Tiane, por favor clique aqui.]
Montamos acampamento, arrumamos as tralhas de cozinha nas mesas e tratamos de descansar e fotografar. Que vidinha mais ou menos, hein?!!!
Tiane, além de musa inspiradora, mãe da bicharada, dublê de sereia e intrépida remadora - bem, essa parte estou exagerando um pouquinho :) -, ainda é uma cozinheira de mão cheia. Mal nos acomodamos e ela já começou a preparar a janta, uma deliciosa lentilha com arroz. Estava tão boa que o leve queimado no fundo da panela foi só um toque a mais no sabor! E para acompanhar, vinho servido pelo garçom!!!
Apreciamos o entardecer, tiramos fotos comemorando e à noite nos deleitamos com o céu estrelado.
Uhúúúú!!!
Tradicionalmente sempre tiramos a "foto do Uhúúú!!!" no final da remada, no último dia. Essa comemoração precoce, no final do segundo dia de remada, poderia ser tããão inocente, mas se revelaria um desastre no fatidico dia seguinte... [ No creo en brujas, pero que las hay, las hay... :) ]
Informações disponibilizadas pelo gps:
Distância remada no dia: 21,63 km;
Tempo remado: 4 h 45 min;
Velocidade média: 4,6 km/h;
Velocidade máxima: 7,4 km/h;
Tempo parado: 3 h 45 min;
Velocidade média geral: 2,5 km/h;
Distância acumulada: 45,4 km.
[Trajetos e legendas sobre imagem do Google Earth]
[Trajetos e legendas sobre imagem do Google Earth]
2 comments:
Delicioso relato. Tomara que eu consiga repetir este trajeto um dia. Muito interessante a opção da Ilha do Guará. Ela fica aberta a visitação ou precisa de convite pra aportar?
Parabéns,que aventura maravilhosa.
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