Wednesday, October 30, 2013

A remada mais curta e a nadada mais longa...


A minha última remada desse Inverno foi surpreendentemente curta...

Em Três Coroas, depois de passar no tradicional ponto de encontro - o Xis do Varisco -, encontrei Cristiano, Júnior, Lelo e Sena para uma remada no caudaloso Paranhana. Digo caudaloso não em seu estado "normal", mas caudaloso pela condição na ocasião, depois de muita chuva. Estava saindo do leito, bombando!
Antes de subirmos até a represa na caçamba do caminhão, fomos dar uma conferida no rio, ainda no Parque das Laranjeiras. Tenebroso!!!
Optei então por ir de carro até a Pipoqueira, deixá-lo lá para descer somente o primeiro trecho de rio.

 
Abaixa a cabeeeeeça!!!

Na ponte da Pipoqueira embarquei na caçamba para a curta e divertida ida até a represa. O astral dessa turma sempre é dos mais legais e fico agradecido por compartilharem não apenas o conhecimento das águas brancas, mas a camaradagem.

Desembarcamos os caiaques:

O vermelho do Cristiano...

...o Vergamota do Lelo...

...o Pirulito do Sena...

...o vermelhão (creek) do Júnior...

...e o meu Trovão Azul!

Como mencionei antes, a remada foi curta. Curta, mas tão curta, que dessa vez coube toda em vídeo:


[Por favor clique na imagem ou assista com maior definição no Youtube]

Como dá para ver no vídeo, foi um caldo por puro nervosismo, sem motivo aparente nenhum! Bastaria fazer um pequeno apoio, muito simples, para continuar na vertical. Mas, como falávamos na época de quartel, "colei as placas"! :)
Logo ao capotar e ejetar imediatamente - nem sequer tentei um rolamento! -, consegui pelo menos manter caiaque e remo sob controle. Mas logo em seguida levei uma pancada bem forte colidindo com uma pedra submersa. Foi uma baita pancada na coxa, chegou a rasgar superficialmente o neoprene! Com a pancada acabei largando o caiaque, que se foi "lomba abaixo"...!
Ainda segui por um bom trecho sendo levado pela água, sem conseguir me aproximar da margem. Nadei na direção de uma vegetação e consegui me segurar para não ser arrastado mais longe. Na hora de tentar subir, notei que a saia havia ficado presa pela força da água por baixo da planta. Que sufoco! Foi só uma fração de segundos, mas na hora parecia um tempão. Consegui largar o remo sobre as plantas e com as duas mãos consegui ficar me segurando e soltar a saia. Subi nas plantas, joguei o remo para a margem e atravessei para a terra firme.
Exceto pela forte pancada na coxa, estava tudo bem. Tratei de seguir pela margem rio abaixo, ora seguindo por uma pequena trilha, ora "atravancando pelas macegas".
Logo que cheguei à ponte da Pipoqueira, não enxerguei ninguém. Desci até a Pipoqueira, e nada... Imaginei o meu caiaque descendo, descendo... e dando trabalho aos meus colegas de remada...
Voltando à ponte, encontrei Sena com meu caiaque. Além de tê-lo recuperado, ainda seguiu pela trilha rio abaixo com ele até a ponte. Muito obrigado!!!


Para mim a remada estava encerrada. Mas aproveitei para aprender com quem sabe:


[Por favor clique na imagem ou assista com maior definição no Youtube]


Fiquei na Pipoqueira conversando e observando os amigos. Mesmo para eles o volume estava muito grande, não por tornar as coisas mais difíceis, mas por que a onda não ficava bem formada, 'cuspindo' o caiaque para fora.
Depois de algum tempo por ali, eles continuaram a descida.


Acredito que se estivesse um pouco mais motivado, poderia ter reagido ao capotamento ridiculamente fácil de ser evitado. Mas poderia muito bem ter capotado mais adiante, também. De repente até chegaria "do lado certo da água" na Pipoqueira, embora a passagem pela ponte estivesse realmente forte. O fato é que a descida naquele dia estava além da minha capacidade naquele dia. Paciência. Há que se aprender com os erros.
O pior seria ter insistido, tentado continuar a descida sem ter condições, transtornando a remada dos amigos ou mesmo colocando outros em risco. Apesar de ter dirigido 130 km só para remar, isso não poderia afetar a capacidade de julgamento. Teria outras descidas pela frente para aproveitar!

Quando os amigos chegaram ao parque eu já estava de banho tomado e com roupa quente, mas penando com uma baita dor na perna, que levou mais de uma semana para desaparecer. Pelas expressões em suas faces, aproveitaram a descida, curtiram o momento - é isso que importa!

Obrigado, amigos!!!

Tuesday, October 29, 2013

Remadinha Ipanema - Ponta Grossa


Num final de tarde Trieste e eu saímos para a primeira remada com o Cupim e o Taraquá. O Cupim, mesmo ainda com alguns detalhes a concluir, comportou-se muito bem. Foi uma saída improvisada e por estar sem remo acabei utilizando o remo emprestado pela Maria Helena.

Saímos de Ipanema, seguimos costeando para o Sul, passando pela Ponta da Serraria e pela prainha no canto da Ponta Grossa. Passei duas vezes pela Ponta Grossa, onde algumas ondas um pouco maiores garantiram uma boa nova experiência para o Cupim. Trieste preferiu ficar explorando a margem, com rochas e vegetação bem interessantes.

Retornamos mais ao largo, aproveitando um belo entardecer.
























Informações disponibilizadas pelo gps:

Distância remada: 18,25 km;
Tempo remado:2 h 54 min;
Velocidade média: 6,3 km/h;
Velocidade máxima: 14,5 km/h;
Tempo parado: 3 min 33 s;
Velocidade média geral: 6,2 km/h.

[Trajeto sobre imagem do Google Earth]

Thursday, October 24, 2013

Remo quebrado nas Pontes do Delta


Após a inauguração do Cupim eu estava curioso para testá-lo em uma remada um pouco maior, mesmo estando ainda sem o assento definitivo, sem os apoios de coxa, de quadril e lombar. Por isso aproveitei um roteiro que havia idealizado há muito tempo e que chamei de Pontes do Delta. O trajeto teria algo em torno de 32 km, passando por várias ilhas e pelas quatro pontes do Delta do Jacuí.
O dia estava nublado e com vento moderado soprando de Sudoeste - por volta de 15 nós nas rajadas -, mas o trajeto previa uma remada em águas abrigadas na maior parte do tempo, por isso não optei em levar muitas tralhas.
Saí das proximidades do Gasômetro, procurando bastante por um local com menos pedras e menos lixo...

Proximidades do Gasômetro

Meu mapa artesanal

Saindo contra as ondas

Comecei a remada atravessando logo o canal de navegação e aproveitando o deslocamento com as ondas quase de proa, assim poderia ter uma remada menos molhada. À medida que me aproximava da margem oposta - na realidade, a ilha Mauá - eu encontrava condições mais favoráveis de menos vento e água calma, pela proteção proporcionada pela vegetação e pela própria massa de terra.


Nem parece o mesmo rio...



Contando com a proteção da margem, passei a seguir para o Norte em direção à Ilha da Pintada. Já fazia bastante tempo que não remava por aqueles lados e fiquei surpreso com a movimentação: muitas embarcações sendo reformadas, construções sendo feitas ou refeitas e bastante gente interagindo direta ou indiretamente com o rio.


Embarcação naufragada

  
Palafitas


Embarcação do Instituto Martim Pescador

O antigo bar flutuante "Pôr-do-Sol"

 
Colônia de Pescadores Z-5

Um pouco adiante da Colônia de Pescadores Z-5 as construções mudam radicalmente e as pequenas palafitas e construções desordenadas dão lugar a enormes propriedades e algumas mansões.




 




Embarcação soçobrada



A primeira ponte do meu roteiro

Passando sob a ponte do Jacuí


Passei sob a ponte do rio Jacuí, a primeira do meu roteiro, remando bem próximo da margem direita do rio, tendo o Delta à minha direita. Mais adiante eu precisaria atravessar em direção ao canal Formoso, entre a Ilha das Flores e a Ilha do Lage.


Aproado para a extremidade da Ilha das Flores

Ao atravessar em direção ao canal Formoso, deixei a proteção da margem e fiquei exposto às rajadas, que pareciam mais intensas e faziam levantar pequenas ondas, algumas das quais consegui "surfar" ao entrar no canal.


Achei que estava na hora de fazer uma parada para o lanche; apesar de estar sem relógio, meu palpite estava certo, como vi em seguida pelo telefone celular. Encontrei uma área bem favorável, com touceiras de taquareiras e uma área gramada.


Ovos de tartaruga?

Lanche

Após a parada para o lanche segui pelo canal Formoso em direção à Ilha do Cipriano.



Ilha do Cipriano na proa

Deixei a Ilha do Cipriano a bombordo (à esquerda) seguindo pelo canal Feliz para o local conhecido por Três Rios. Em 2010 eu havia remado por ali, com a Tiane: http://leonardoesch.blogspot.com.br/2010/09/remando-em-volta-da-ilha-das-flores.html


Três Rios

[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]

Remando com suavidade

Antes de chegar na segunda ponte, sobre o Saco da Alemoa, passei por vários barcos atracados em uma marina.






A segunda ponte do meu roteiro


Chegando à parte aberta do Saco da Alemoa, deixei completamente para trás a proteção da margem e passei a remar exposto ao vento e às ondas cruzadas. Foi um bom teste para o Cupim!


Estava eu remando tranquilamente, com calma para atravessar pelo vento e ondas, quando de repente escuto um crack... Imediatamente a extremidade esquerda se quebra e se solta completamente...
Não poderia ter sido em local mais impróprio! Mas com calma recolho o pedaço de madeira, coloco sob os elásticos (foto abaixo) e rapidamente avalio a situação. Não é um local de fácil acesso, mesmo chegando na margem oposta (a favor do vento) eu não melhoraria a situação. Além disso, teria que arranjar alguma forma de conseguir chegar ao carro se fosse abortar a remada. A saída é continuar remando, com uma 'pá' só e com cuidado para não virar... Ainda bem que já desenvolvi essa habilidade, remando por várias vezes e em diversas situações com uma só 'pá' para treinar para alguma eventualidade. E, como a eventualidade chegou, é só aplicar o que foi aprendido! :)



O rendimento até que não foi dos piores! Algumas rajadas de vento estavam fortes e atrapalhavam um pouco a remada, mas as pequenas ondas não chegaram a causar desconforto notável. Mesmo com remadas corretivas, derivei um pouco mais do que o normal mas consegui avançar até a extremidade do Saco da Alemoa, a ponta da Ilha das Flores e cruzar o Canal da Maria Conga até a Ilha da Casa da Pólvora.



Na Ilha da Casa da Pólvora encontrei um local perfeito para um reparo de fortuna, com uma área limpa, madeiras e taquaras usadas por pescadores. Felizmente eu levava meu canivete suíço, e se o McGyver da minha infância fazia tudo aquilo com o seu, por que eu não poderia consertar um simples remo com o meu?
Usando a excelente serrinha, cortei um pedaço de taquara e desse pedaço tirei tuas lascas no tamanho e formato que precisaria para fazer duas talas. Com os cordões que eu havia usado para fazer as empunhaduras da proa e da popa, consegui fixar firmemente as talas e a parte quebrada. Ficou bom!!!



Ah, é importante comentar que esse remo é o mesmo que fiz na cozinha da Tiane usando pínus, madeira bem macia e vagabunda. Ele já havia quebrado uma vez, durante um treinamento de rolamento no qual o amigo Marcio conseguiu rolar pela primeira vez. E quebrou no mesmo lugar!


Tudo resolvido, decidi continuar remando, mas encurtar o retorno. Contornaria a Ilha da Casa da Pólvora em vez de seguir para as terceira e quarta pontes do roteiro que havia planejado. Há que se ter flexibilidade numa hora dessas!



Seguindo bem perto da ilha, atravessei o Saco do Ferraz com um pouco de vento e ondas e logo remei por águas bem calmas, quase espelhadas. Uma bela vista da cidade e tempo bom!



À frente, o trapiche da Ilha da Casa da Pólvora.

Casa da Pólvora

Depois de passar pela Casa da Pólvora, atravessei o pequeno Saco da Pólvora e aproveitei a última proteção da ilha antes de cruzar novamente o Jacuí em direção à Ilha da Pintada, onde fui costeando até as proximidades do Gasômetro.



Atravessando para o Gasômetro

Apesar de remar em água absolutamente calma, eu sabia que seria uma questão de tempo e distância para voltar a encontrar ondas na travessia para o Gasômetro. E foi o que aconteceu, com as ondas vindo pela popa. As maiores encontrei pouco depois de passar pelo canal de navegação e as mais chatas, chegando na margem. Negociando entre pedras e lixo, cheguei ao ponto de partida.


Foi mais uma bela remada, um bom teste para o Cupim e uma oportunidade de superação ao ter que lidar com a quebra do remo. Ficou a lição: sair preparado, mesmo que seja só para uma remadinha pelo Delta!


 Acima, comparativo do trajeto idealizado e do percurso realizado.
Abaixo, o local da quebra do remo.
[Trajetos e legendas sobre imagens do Google Earth]

Informações disponibilizadas pelo gps:

Distância remada: 26,98 km;
Tempo remado: 4 h 20 min;
Velocidade média: 6,2 km/h;
Velocidade máxima: 12,4 km/h;
Tempo parado: 1 h 20 min 2 s;
Velocidade média geral: 4,9 km/h.