Wednesday, August 04, 2010

Charqueadas e o Arroio dos Ratos

[Trajeto sobre imagem do Google Earth]
Charqueadas, na margem direita do rio Jacuí.

[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]
Percurso remado

[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]

A Praia das Pedrinhas, logo ali, debaixo d'água!

Desta vez, por sugestão do Germano, trocamos a região lindeira de Porto Alegre pela região de Charqueadas, a aproximadamente 60 quilômetros da capital gaúcha. Encontramo-nos em um posto de gasolina nas proximidades da ponte móvel e seguimos pela BR116, BR290 e RS401, passando por dois pedágios excessivamente caros para as condições das rodovias. Chegando em Charqueadas, um município com aproximadamente 35 mil habitantes e pouco menos de 215 quilômetros quadrados, perguntamos pela Praia das Pedrinhas. Depois de passar por alguns trechos enlameados, chegamos ao que deveria ser a praia. Como o rio Jacuí estava acima do nível normal, a Praia das Pedrinhas estava submersa. Retiramos os caiaques e colocamos juntamente com as tralhas na grama à beira da água.

[Imagem capturada de vídeo]
Iniciando a remada

Bem em frente à Praia das Pedrinhas há uma ilha, onde existe a Área de Proteção Ambiental Dona Antônia (o nome da ilha é Dona Antônia). Ao iniciarem a remada, Germano e Tiane seguiram pelo canal formado entre a ilha e a área urbana de Charqueadas. Comecei remando por entre árvores submersas que provavelmente emprestam sua sombra aos frequentadores da praia nos dias quentes do Verão. Como demorei um pouco mais para sair, não consegui avisá-los de minha intenção de seguir por fora da ilha - pois provavelmente no retorno voltaríamos por esse mesmo canal interno. De qualquer maneira, a ilha não era muito extensa e optei por deixá-la a boreste, remando pelo corpo principal do rio Jacuí.

[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]

Depois de passar pela ilha, encontrei Tiane e Germano remando perto de grandes embarcações atracadas uma ao lado da outra. A correnteza facilitava a remada em direção à foz do Arroio dos Ratos. Optei por seguir mais próximo do centro do rio Jacuí, pois no retorno certamente remaria o mais próximo possível da margem, aproveitando o menor fluxo contrário da água.

Tiane descendo o rio Jacuí

Germano passando em frente à RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) Porto da Capela

Penitenciária Estadual do Jacuí

Chegando à foz

Foz do Arroio dos Ratos

[Trajeto sobre imagem do Google Earth]
Rio Jacuí e a foz do Arroio dos Ratos

Embarcação a toda velocidade no rio Jacuí
A foz do Arroio dos Ratos foi facilmente identificada. Provavelmente por estar bastante cheio, não parecia um arroio, mas um grande rio. Logo no início passamos por uma ilha e enxergamos a ponte da rodovia RS401, pela qual havíamos passado para chegar a Charqueadas.

Ponte da RS401

[Imagem capturada de vídeo]
Passando sob a ponte


Após passarmos pela ponte, não muito adiante, observamos uma área que provavelmente seria de um camping. As construções (banheiros e provavelmente um bar), churrasqueiras feitas de tijolos e até mesmo um poste de luz - que provavelmente serve para iluminar uma pequena estrada - estavam dentro da água, bem como uma interessante área de floresta no entorno. Aproveitamos para remar por entre belas árvores.

[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]

[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]

Remando na floresta alagada


Após essa pequena excursão remando sobre a "terra firme" retornamos ao arroio. Pouco adiante havia uma bifurcação e dois cursos d'água semelhantes. Não parecia haver diferença na correnteza (um não era mais caudaloso do que o outro) nem no formato das margens, então seguimos pelo canal à esquerda, que um pouco adiante começava a se fechar cada vez mais, até não permitir a passagem nem de um caiaque. Não era por ali! Retornamos e seguimos pela direita, que realmente era o leito do arroio.

Esquerda ou direita?

[Trajeto sobre imagem do Google Earth]
O "braço morto" do arroio por onde subimos.

[Trajeto sobre imagem do Google Earth]
Na imagem do satélite percebe-se que o arroio já teve vários cursos diferentes.


Belo exemplar de timbaúva com sementes

Casa abandonada

Em alguns lugares as belas árvores das margens davam lugar a arbustos bem fechados e com brotação colorida em determinada altura, causando um efeito muito interessante. Deve ser um local de abrigo para muitas espécies, pois o emaranhado de galhos fornece proteção e esconderijo.

Um dos habitantes ribeirinhos


À medida em que subíamos o arroio ficava cada vez mais estreito e com correnteza mais forte. Em alguns trechos a água escapava do curso original e sumia mata adentro. A remada começou a ficar pesada, especialmente para o Quindim Precioso, um caiaque de turismo não projetado para a velocidade necessária para vencer a correnteza. Precisávamos negociar a passagem por trechos curtos e rápidos procurando áreas de remanso para retomar o fôlego antes e depois desses trechos. Além dessa dificuldade, já estava na hora de pararmos para o almoço. Como eu estava na frente, tratei de procurar um local para desembarcarmos.


[Trajeto e legenda sobre imagem do Google Earth]

Em uma curva acentuada para a esquerda vislumbrei um gramado verde no final de um braço do arroio que parecia uma miragem. Aguardei a chegada da Tiane (que já estava querendo parar bem antes) e do Germano para sinalizar o acesso. Germano insistiu na ideia de que eu já deveria conhecer o arroio, pois não poderia ter encontrado um local tão bom ao acaso...! O acesso parecia uma trilha ou estrada, pois tinha capim alto no meio - como se fosse uma estrada de interior, com os tufos de capim crescendo entre os trilhos marcados pelas rodas dos veículos.


Ao desembarcarmos na grama vimos uma placa informando que estávamos no Caminho das Capivaras. Existiam também várias placas de identificação em árvores nas proximidades, como se estivéssemos em um parque ou reserva. Não muito longe dali havia também o Caminho das Bromélias.

Tiane e nossos caiaques e tralhas

Germano escorrendo a água da massa

Mmmmm!!!

Até a borboleta provou e aprovou!!!


Depois da parada para almoço, banho de sol e renovação da energia, retornamos ao arroio, que agora estaria a nosso favor. A correnteza facilitaria nossa remada rumo ao rio Jacuí, mas seria preciso um pouco de atenção para não ser jogado contra a margem e ficar preso nos locais onde a água corria para dentro da mata.

Só felicidade arroio abaixo!!!
Havia um trecho do arroio em que era necessário passar debaixo de uma árvore meio caída sobre uma passagem estreita. Eu remava na frente e passei, mas Tiane, com um pouco menos de experiência acumulada, foi passar justamente pela parte mais difícil e acabou presa pela ponta do galho. Germano vinha logo em seguida e não conseguiu parar para ajudá-la. Como eu estava apenas alguns metros na frente, ouvi o grito da Tiane pedindo ajuda e rapidamente tratei de fazer meia volta. O arroio era tão estreito que dificultava a manobra do meu caiaque (com 5,55 metros de comprimento). A correnteza também trabalhava contra. Quando consegui fazer meia volta Germano já vinha descendo e ficou meio chateado por não conseguir ajudar, mas respondi que não havia problema, pois eu já estava subindo o arroio na direção da Tiane. Poucas remadas vigorosas e já começava a vencer a correnteza. Fiz uma curva para a direita e enxerguei que a situação era relativamente tranquila, pois as coisas ainda estavam na sua ordem normal - ou seja, a Tiane ainda estava em cima do caiaque, que estava em cima da água!!!
Fui me aproximando e tratando de acalmá-la. O galho estava prendendo a parte superior traseira do colete salva-vidas, de forma que a Tiane não conseguia nem enxergar onde estava presa. A correnteza impulsionava o caiaque que pressionava a Tiane e o colete para a frente, dificultando a soltura. Eu me aproximei, encostei ao lado do Quindim Precioso e pedi para que ela segurasse o meu caiaque. Verifiquei onde a ponta do galho estava presa, soltei com relativa facilidade e assim saímos flutuando arroio abaixo. Tiane pôde respirar fundo e logo perdeu a expressão de susto do semblante.


[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]


Seguimos serpenteando rio abaixo aproveitando a velocidade da água, que em muitos lugares escapava do leito original do arroio para infiltrar-se mato adentro. Era preciso ficar um pouco atento ao rumo, para não acabar preso no meio da vegetação. Quanto mais descíamos, entretanto, mais largo ia se tornando o arroio; logo deixamos de nos preocupar com a possibilidade de perdermos o rumo.


Antes de chegarmos à foz do arroio passamos novamente pela área alagada onde parecia existir um camping e paramos bem em frente ao "bar" (possivelmente um bar) para tomarmos o café sempre oportuno do Germano. Nem descemos dos caiaques.



Passamos novamente pela ponte e em seguida pelo lado oposto da ilha bem próxima da foz, onde havia um pescador em uma canoa. Germano remava na frente e parou para conversar antes de iniciarmos o retorno subindo o Jacuí contra o vento, correnteza e pequenas ondas.

Germano conversando com pescador na foz do arroio


Subindo o Jacuí


O retorno subindo o rio Jacuí foi contra a correnteza, com vento e pequenas ondas. Com peristência fomos avançando metro a metro bem próximos à margem para evitar a correnteza mais forte no meio do rio. Passamos por vários terminais de atracação e por uma grande estrutura que parecia sugar a água do Jacuí para alguma indústria. Em algumas casas de ribeirinhos vimos muito lixo acumulado - uma pena esse descaso tão grande com o rio.

No centro da fotografia, a ilha Dona Antônia; logo à sua esquerda, o canal conduzindo à Praia das Pedrinhas.

Um pouquinho adiante da Praia das Pedrinhas fica a Lagoa Bonita - um lugar para conhecer futuramente.

Em vez de retornar diretamente para a Praia das Pedrinhas, decidi remar um pouco adiante, para ver como seria a entrada para a Lagoa Bonita - na realidade não se trata de uma lagoa, mas de um braço morto que segue paralelamente ao rio Jacuí, com aproximadamente três quilômetros de extensão.


Para retornar à Praia das Pedrinhas remei novamente por entre belas árvores alagadas pela cheia e encontrei mais um exemplar de embarcação com nome estranho para minha coleção: "Depende o Tempo".


Alguns metros adiante terminava mais uma bela remada. Um dos aspectos que mais me agradou nesse percurso foi a quase ausência de poluição visível no Arroio dos Ratos, o que foi uma bela surpresa. Remar no arroio cercado por árvores - e poder remar entre elas! - foi uma experiência gratificante, ainda mais na companhia do Germano e da Tiane. Muito obrigado!!!


Informações do gps:

Distância remada: 27,95 km;
Tempo de remada: 5 h 12 min;
Velocidade média: 5,4 km/h;
Velocidade máxima: 12,1 km/h;
Tempo parado: 2 h 39 min;
Velocidade média geral: 3,6 km/h.

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