Friday, November 05, 2010

Remada da Ilha do Barba Negra para Itapuã

Amanhecer no acampamento da Barba Negra

Após uma noite tranquila de descanso debaixo de um céu completamente estrelado, o amanhecer na Ilha do Barba Negra foi igualmente belo. O vento soprou toda a noite e virou para Leste, como estava previsto pela meteorologia (WindGuru). O acampamento, no lado oposto da ilha, estava às margens de águas protegidas.

Primeiros raios de sol


Após o café da manhã e a desmontagem das barracas, guardamos todas as tralhas nos caiaques e estávamos prontos para enfrentar a travessia de retorno. Teríamos três trechos de águas abertas para cruzar: da Ilha do Barba Negra à Ponta da Formiga, da Ponta Escura à Ilha do Junco e da Ilha do Junco à Ponta da Fortaleza.

Tudo pronto para o retorno


Vídeo da travessia da Ilha do Barba Negra para a Ponta da Formiga
[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]

[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]

[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]

A travessia para a Ponta da Formiga ocorreu sem incidentes pelas ondas e vento laterais. Cruzamos pelas pedras do Morro da Formiga e passamos pela praia onde havíamos parado na véspera para almoçar. Logo depois do pequeno Pontal da Formiga, desviamos para a esquerda para aterrarmos na Praia da Formiga para um pequeno descanso.

Primeira parada: Praia da Formiga



Praia da Formiga

Da Praia da Formiga seguimos quase em linha reta para a Ilhota da Ponta Escura, onde parei em uma pequena praia para trocar as baterias da máquina fotográfica. Nas proximidades da ilha existe uma antiga boia de sinalização de canal (sem qualquer identificação) encalhada.

Chegando à Ilhota da Ponta Escura

Antiga boia encalhada

A boia encalhada e, ao fundo, o Morro da Formiga.

Germano na Ilhota da Ponta Escura

[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]

Minha intenção após a parada na Ilhota da Ponta Escura era seguir paralelamente à costa até as proximidades do "areião" onde havíamos parado no dia anterior para dali cruzarmos em direção à Ilha do Junco, aproveitando a "sombra" (proteção contra o vento e as ondas proporcionada pela terra). Alguns minutos depois de reiniciarmos a remada, no entanto, observei que Germano seguia um rumo direto para a ilha e não tive alternativa senão alterar minha direção, pois por uma questão de segurança seria prudente não remarmos muito afastados; em caso de problemas, um poderia ajudar o outro. Essa travessia foi bastante tensa, com vento diagonal e ondas vindo de direções diferentes: as ondas da Lagoa dos Patos vinham pela bochecha de boreste (da direita, diagonalmente, à frente), enquanto as ondas do rio Guaíba, originadas pelo vento encanado entre os morros de Itapuã e a ponta do Morro do Coco, vinham da bochecha de bombordo (da esquerda, diagonalmente, à frente). Quando as cristas das ondas se encontravam, formavam elevações maiores, desequilibrando o caiaque. Meu caiaque não é dos mais estáveis, exigindo constante atenção. Depois da travessia, Germano comentou que tinha sido sua remada mais difícil.

Chegando à costa pedregosa da Ilha do Junco

Nas proximidades da Ilha do Junco, a proteção causada pela massa de terra foi bem vinda. Ondas e vento se acalmaram, permitindo "baixar a guarda" e relaxar um pouco. Para desembacar, contornamos a parte rochosa da ilha e paramos na praia de areia ao Norte.

Ilha do Junco

Vista da Ilha do Junco para o Parque Estadual de Itapuã

Bem ao longe (quase no centro da fotografia), a Ilha das Pombas.

Durante a parada na ilha aproveitei para visualizar a terceira e última travessia - também a mais curta delas. Havia um corredor com menos vento na direção da Ponta da Fortaleza, passando próximo da boia encarnada número 95.

Ilha das Pombas

Ilha do Junco

Pausa para lanche na Ilha do Junco

Germano deixando a Ilha do Junco

Germano começou a remar primeiro e ainda consegui avisá-lo que iria para a boia vermelha, mas ele optou por seguir um rumo mais direto para o camping, enfrentando mais vento contrário. Eu segui para a boia vermelha em uma travessia relativamente rápida mas nada enfadonha, pois as ondas continuavam por lá.


[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]

Vídeo da travessia entre a Ilha do Junco e a Ponta da Fortaleza

[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]

Após a travessia seguimos sempre nas proximidades da margem, aproveitando o abrigo do vento. Em uma ponta rochosa próxima da Praia das Pombas fui surpreendido por uma lontra grande, que mergulhou assim que a vi.

 Passando pelo Parque Estadual de Itapuã

No trapiche da Praia das Pombas parei para conversar com uma fiscal do parque, que se interessou pela nossa atividade mas fez questão de reforçar que não poderíamos nos aproximar a menos de 150 metros da margem. Durante o restante do percurso até o camping fiquei pensando a esse respeito. Nós sempre saímos para remar com a intenção de desenvolvermos uma atividade saudável em contato com a natureza, muitas vezes recohemos lixo deixado pelos outros e Germano inclusive tem levado mudas de pitangueira para plantar nas ilhas do Delta do Jacuí. Em hipótese alguma depredamos os locais por onde passamos e procuramos causar o mínimo impacto possível, deixando o lugar que visitamos da mesma forma como o encontramos - ou melhor, quando recolhemos lixo deixado por outros. Fotografamos animais e plantas não como um troféu por nossa atividade de lazer, mas para mostrar aos visitantes do blog que existem lugares muito bonitos e por vezes bem próximos aos grandes centros urbanos, e que esses lugares merecem atenção e reconhecimento, pois do contrário desaparecerão antes de serem conhecidos. A fiscal do parque demonstrou completo desconhecimento com relação à nossa atividade, enfatizando que precisávamos nos manter a pelo menos 150 metros da margem. Em muitas oportunidades a segurança do remador pode ficar comprometida ao se afastar da margem e se expor ao forte vento. Em trajetos mais longos é necessária uma parada, mas como fazê-la se não podemos pisar nas praias do parque? Penso em realizar uma remada contornando a Ponta das Desertas, que é um local belíssimo e ermo, mas para isso seriam necessários dois dias de remada. Como fazê-lo, sem conseguir aportar? Caiaques e remadores são simplesmente equiparados a lanchas e jet skis, que poluem e se deslocam com muito barulho e velocidade, afugentando os animais...
Pensando nisso aproximei-me do camping, onde máquinas colocavam aterro (inclusive pneus!) para formar uma espécie de molhe nas margens do rio, alterando sua conformação. Não seria esse impacto, bem ao lado de um Parque Estadual, bem maior do que nossa simples passagem em caiaques? Ou será que essa obra, por estar fora dos limites físicos, por esse motivo é simplesmente ignorada?
Gostaria de salientar que nada tenho contra os proprietários dessa área em particular - exceto pela cobrança da taxa de vinte reais por pessoa apenas para acessar o local e deixar o carro estacionado de um dia para outro -, apesar de acreditar que o impacto dessa obra no meio ambiente não tenha sido sequer considerado.
Foi assim, em meio a reflexões um tanto melancólicas, que terminou a remada à Ilha do Barba Negra.

 Retorno ao Camping das Pombas

 Obras na margem do rio



Os caiaques e as obras de construção do molhe


Remada concluída!

Informações disponibilizadas pelo gps:

Distância remada: 20,92 km;

Tempo: 3 h 58 min;
Velocidade média: 5,3 km/h;
Velocidade máxima: 11,9 km/h;
Tempo parado: 1 h 27 min;
Média geral: 3,8 km/h.

Distância total remada: 50,60 km.

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