Sunday, November 14, 2010

Lagoas do Litoral Norte: remada da Lagoa do Peixoto à Sanga Funda


 [Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]
Imagem parcial do Litoral Norte do Rio Grande do Sul com o trajeto percorrido: em amarelo o primeiro dia e em vermelho o segundo dia.

 [Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]

[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]
Localização das lagoas
Local de encontro no parque municipal - Lagoa do Peixoto - Osório

À margem da Lagoa do Peixoto, bem perto da cidade de Osório, no Litoral Norte gaúcho, existe um parque municipal. Foi nesse parque o ponto de encontro e saída para a remada pelas lagoas com destino à Sanga Funda. Márcio e Otávio (do Grupo Osório de Canoagem), Germano (de Canoas), Tiane (de Porto Alegre) e eu encontramo-nos para remar juntos pela primeira vez. Otávio e Márcio remariam no caiaque duplo Sioux chamado Guri, Germano no Opium Caiaqueveio, Tiane no turismo Quindim Precioso e eu no Weir ilegal! - levando todo o equipamento necessário para dois dias de remada com acampamento.
A intenção seria partir da Lagoa do Peixoto, remar por um canal até as lagoa Pinguela, do Palmital e das Malvas - as lagoas são formadas por um só corpo d'água, que por ter estreitamentos, recebe nomes diversos -, passar pelo canal João Pedro até a Lagoa dos Quadros, acampar em um local com belas figueiras, continuar seguindo a costa no dia seguinte (no sentido horário) até chegar a uma pequena ilha e de lá rumar para a Sanga Funda, onde a remada terminaria nas proximidades da ponte da rodovia BR 101.
Márcio e Otávio no caiaque duplo

O dia estava completamente nublado, mas com previsão de melhoria no decorrer do período. Uma leve brisa soprava do quadrante Oeste quando iniciamos a remada pela Lagoa do Peixoto. Poucos minutos depois já chegávamos ao canal de ligação com a lagoa Pinguela.
Entrando no canal



Tiane nas águas plácidas do canal

Em alguns trechos o canal é bastante estreito e com vegetação nas margens, permitindo que a água permaneça absolutamente parada. Enxergamos algumas aves nas proximidades, mas como estávamos em quatro caiaques, a aproximação para fotografar se tornava difícil.
 [Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]
Percurso remado, da saída à lagoa Pinguela


Voltando o olhar para trás, vê-se os geradores eólicos.
Todos olhando...
...para os biguás.
Saindo do canal para entrar na lagoa Pinguela

No final do canal encontramos juncos, o que indicava a saída para a lagoa Pinguela. A água continuava bem calma. Emoldurando a lagoa, os belos morros da serra. Na direção em que seguíamos, o Morro Alto destacava-se no horizonte.
Lagoa Pinguela



Germano contemplando o Morro Alto

Bem ao longe, contrafortes do Morro do Chapéu.

Germano no Caiaqueveio e Tiane no Quindim Precioso

Márcio havia levado dois rádios para comunicação, pedindo-me para ficar com um deles. Foram úteis para combinarmos o primeiro ponto de parada, na última praia antes da travessia da lagoa, em uma ponta de terra.
Tranquilidade

Última praia antes da travessia

[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]

[Trajeto e legenda sobre imagem do Google Earth]
Localização da última praia antes da travessia

Tiane chegando à praia

Germano chegando à praia

Márcio e Otávio chegando à praia no Guri



Geradores eólicos de Osório ao longe

Nossos caiaques e o Morro Alto ao fundo

Flores no campo

Valeu a pena essa parada, pois a praia é muito bonita. Área de campo quase ao nível da água, com vacas e cavalos pastando tranquilamente e algumas aves aproveitando para descansar ao sol, visto que as nuvens do início da manhã haviam se dispersado completamente.

Após essa primeira parada seguimos sem pressa para a travessia. Fui à frente, balizando o caminho com o auxílio de um ponto no gps que havia armazenado previamente. Atravessamos uma área de juncos dispersos que indicavam baixa profundidade e depois disso águas abertas absolutamente tranquilas.
Rumo à outra margem

Após a travessia, outro ângulo do Morro Alto.

Concluída a travessia, remamos costeando a margem por entre juncos esparsos admirando o Morro Alto que, ficando para trás, modificava seu perfil lentamente. Ali já remávamos nas águas da Lagoa do Palmital.
Remando em água calma e ótimo tempo na Lagoa do Palmital


[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]

[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]
Local da parada para almoço

Márcio e Otávio disseram que estávamos passando pela última área onde haveria sombra proporcionada pela vegetação; dali para adiante, somente encontraríamos abrigo quase chegando na Lagoa dos Quadros. Apesar de estar um pouco cedo, decidimos conjuntamente antecipar a parada para almoço, aproveitando a sombra e abrigo da brisa que começava a soprar. Vimos um conjunto de árvores e seguimos naquela direção, procurando uma passagem pelo espesso juncal. Metemos as proas dos caiaques junco adentro e remamos até ficarmos presos. Apesar da baixa profundidade, ainda não estávamos em terra firme e seria preciso levar as tralhas para o almoço, de maneira que retornei para a água navegável e procurei outro acesso. Encontrei logo adiante uma espécie de canalete - completamente livre de juncos! - que seguia terra adentro.
Lavoura na ponta entre a Lagoa do Palmital e a Lagoa das Malvas

Embrenhados nos juncos

Acesso fácil por um canalete

Cheguei à terra firme e desembarquei para fotografar meus companheiros de jornada chegando. Tiane, depois Márcio e Otávio; quando Germano negociava a passagem pelo canalete estreito já havia vento que começava a formar ondas e "carneirinhos" na lagoa.
Tiane chegando

Márcio e Otávio chegando


Germano chegando



Explorando os arredores

Sombra, proteção contra o vento que chegou para ficar e vista para o Morro Alto.

Companhia para o almoço

Quando almoçávamos recebemos a visita de dois simpáticos cuscos guaipecas (cachorros sem raça definida) que, apesar de molhados, não pareciam passar frio mesmo com o vento. Chegaram, ganharam comida e ficaram nos alegrando com sua presença.
[Fotografia de Tiane]

O vento havia chegado para ficar, trazendo com ele algumas nuvens que mal percebemos quando voltamos a remar. As ondas insistiam em nos tirar do rumo enquanto seguíamos para contornar a ponta de terra e posteriormente entrar na Lagoa das Malvas.

[Imagem capturada de vídeo]
Vento e ondas depois do almoço

Ao contornarmos a ponta, mudamos de rumo e nos dispersamos. Parei rapidamente para trocar baterias enquanto Márcio e Otávio remavam na frente, seguidos pelo Germano - percebi, entretanto, que estavam em rumo diferente; como eu havia marcado previamente um ponto no gps para localizar a entrada para o canal João Pedro, rumei diretamente para lá, seguido de perto pela Tiane. As nuvens começavam a se acumular, particularmente no quadrante Sul, onde algumas começavam a ter aparência escura.

[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]
Banco de areia

Bem na entrada do canal João Pedro (onde todos reunimo-nos novamente) encontramos um banco de areia repleto de aves. É claro que paramos para admirá-las e fotografá-las...






Em fila indiana contra o vento


Canal João Pedro

Enquanto entretíamo-nos com as aves, as nuvens escuras se acumulavam rapidamente ao Sul. Entramos no canal João Pedro com vento forte produzindo ondas. O canal é cheio de curvas, de maneira que às vezes remávamos com vento pela popa, vento lateral e mesmo vento pela proa. Em alguns locais o barranco oferecia proteção e remávamos em água calma.

[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]
Canal João Pedro, ligando a Lagoa dos Quadros à Lagoa das Malvas.




Fugindo do temporal

- Chamando Leonardo...
- Na escuta.
- Viste as nuvens pretas se formando?
- Sim.
- Será que vão nos alcançar?
- Não sei, em breve saberemos!
- O problema maior podem ser os raios, nesse descampado! O que faremos?
- Não temos opção a não ser aligeirar a remada para buscar abrigo na ponte, quase chegando na Lagoa dos Quadros... Vamos continuar mantendo contato pelo rádio, monitorando a situação.

Foi nesse clima de certa apreensão com o temporal que se formava que percorremos o canal. Para tentar não ficar me martirizando com as nuvens (que rapidamente nos cobriram) - afinal, preocupar-se em demasia não adiantaria nada nessa situação -, enquanto remava aproveitei para observar grande quantidade de aves que nos rodeavam, fotografando algumas.




Na direção Nordeste mais nuvens começavam a se acumular.
Tiane remando sob nuvens carregadas
Olhando para o Oeste

Proximidades da ponte

Chegando à ponte havia um trecho de canal bastante desabrigado, que permitiu a formação de ondas. Foi surfando as ondas que chegamos ao pequeno povoado. Das nuvens, apesar de assustadoras, recebemos apenas alguns poucos pingos trazidos pelo vento.
Tiane chegando à ponte



Germano chegando à ponte

Márcio e Otávio chegando à ponte

Germano continuou sem parar

Tiane e eu paramos em uma praia de areia e Márcio e Otávio pararam bem ao lado da ponte, pois queriam comprar gelo dos pescadores. Germano resolveu continuar.

Passando pela ponte


Nuvens carregadas também ao Norte







Após breve parada, voltamos a remar, percorrendo os últimos metros de canal antes da Lagoa dos Quadros, onde entramos ao passarmos por pequenos molhes. A partir dali seguiríamos bem perto da margem, costeando os juncos, rumo às figueiras que dariam proteção ao nosso acampamento.
Quase chegando à Lagoa dos Quadros...
...logo depois de dobrar o molhe de pedras.

Tempo bom somente para o Oeste

Germano descansando









Belas figueiras na praia

Chegando ao local de acampamento

Foi quando os juncos deram lugar a uma bela praia de areia e frondosas figueiras tomaram o espaço do campo que aproamos os caiaques para a margem. Chegávamos ao local do acampamento. Transportamos caiaques e tralhas para perto das árvores e escolhemos os locais para montagem das barracas. Escolhi um local aberto sobre o capim (aprovado pela Tiane); Germano montou a sua bem perto de uma figueira, para se proteger do vento; Otávio e Márcio escolheram uma grande árvore caída como proteção para sua barraca.
[Fotografia de Tiane]
Comemorando a remada


 Tiane pequenina em frente a uma figueira frondosa

 Entardecer no acampamento das figueiras








Após um belo entardecer, jantamos em volta da fogueira. Quando escureceu percebemos que as vacas retornavam do campo para passar a noite ao abrigo das figueiras. Os destemidos remadores sentiram as pernas tremerem com a aproximação dos bichos, afinal estavam fora do seu ambiente favorito, a água!!! Brincadeiras à parte, o fato é que Germano, Márcio e Otávio estavam realmente receosos com a presença das vacas, imaginando que poderiam se interessar pelas tralhas ou mesmo atropelarem as barracas com seus ocupantes dentro. Argumentei que as vacas queriam somente abrigo para passar a noite e, afinal de contas, quem estava invadindo seu território éramos nós, mas não teve jeito: lá foram eles afugentar a bicharada. Não adiantou muito, pois logo elas se reagruparam e foram se aproximando lentamente. Germano decidiu mudar sua barraca de lugar, colocando-a ao lado da barraca de Otávio e Márcio. Para aumentar a segurança, fizeram uma espécie de "cerca" utilizando os caiaques, remos e galhos de árvore. Até Tiane já estava "entrando na onda" e ficando preocupada, mas deixei bem claro que não sairíamos de onde estávamos.
 Vacas, tremei diante do guardião!!!

 Mudança de acampamento no meio da noite...

...por causa das vacas...

A noite foi tranquila, com céu estrelado!!!

[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]
Local do acampamento das figueiras na Lagos dos Quadros

Informações disponibilizadas pelo gps:

Distância remada no dia: 29,42 km;
Tempo de remada: 5 h 26 min;
Velocidade média: 5,4 km/h;
Velocidade máxima: 11,1 km/h;
Tempo parado: 2 h 37 min;
Velocidade média geral: 3,6 km/h.

2 comments:

Grupo Osório de Canoagem said...
This comment has been removed by the author.
Grupo Osório de Canoagem said...

A satisfaçao e o previlégio de remar com vcs foi todo nosso,nao poderiamos ter arrumado parceiros melhores,a aventura toda foi num clima muito legal, muita risada e momentos que jamais esqueceremos, e suas fotos, sem comentarios, nota 10, agradeçemos a voce Leonardo, Tiane e Germano pela excelente parceria, esperamos voces por aqui sempre que quiserem remar conosco, um abraço e até a proxima remada.

Marcio