Wednesday, November 17, 2010

Lagoas do Litoral Norte: remada da Lagoa do Peixoto à Sanga Funda - segundo dia


Amanhecer no acampamento

Quando os primeiros raios de sol tingiam as poucas nuvens ao redor do acampamento na Lagoa dos Quadros, já estávamos despertos para observar as cores do amanhecer. E foi um belo início de dia!


Primeiros raios de sol


Acampamento

A proteção montada ao redor das barracas do Germano, Márcio e Otávio não foi necessária. As vacas que eles temiam não apareceram e nem derrubaram o acampamento (Germano havia mudado sua barraca de lugar e os três companheiros colocaram caiaques, remos e alguns galhos em volta, temendo as vacas que tinham aparecido ao anoitecer para dormir sob a proteção das grandes figueiras).

Proteção contra as vacas


Organizamos o café da manhã e a desmontagem do acampamento. Germano foi o primeiro a ficar pronto e decidiu seguir na frente, sumindo de vista. Otávio e Márcio também desmontaram seu acampamento rapidamente, mas resolveram nos esperar. Guardamos as tralhas e colocamos os caiaques na água esverdeada devido à proliferação de algas que, empurradas pela brisa, acumularam-se nas águas da costa Sudoeste da lagoa.




Explosão de algas

Partindo

Ajudei Tiane a sair do baixio e em seguida comecei a remar, seguindo paralelamente à margem. Márcio e Otávio preferiram seguir um pouco mais para dentro. Quando tentaram contato, consegui compreender, apesar de o rádio ter ficado sem baterias, que eles seguiriam diretamente para a ilha no prolongamento do morro Maquiné em vez de acompanharem a costa.

O local de acampamento, ficando para trás.

Costa da lagoa e os morros ao fundo

Rumo ao Morro Maquiné







Tiane e eu, que nunca tínhamos remado na Lagoa dos Quadros, resolvemos aproveitar a oportunidade para conhecê-la, por isso optamos por seguir pela margem. Não nos arrependemos de termos optado pelo caminho mais longo, pois foi possível enxergar uma infinidade de aves e conhecer essa costa da lagoa. Germano estava muito à frente e não era possível enxergá-lo.



Morro do Chapéu



Rastro de bolhas do Quindim Precioso


Foz do rio Maquiné

Na foz do rio Maquiné nenhuma correnteza era perceptível e continuávamos a remar em uma "sopa" de algas. Aproximei-me o máximo possível dos juncos, quase encalhando, mas ao mudar o rumo para o centro do rio a profundidade aumentou rapidamente. O calor estava grande e não havia nenhuma brisa, apenas uma leve ondulação oriunda da margem oposta da lagoa. Morro Alto era avistado ao longe, na direção Sudoeste.
Foz do rio Maquiné - ao fundo, o Morro Alto.

Morro Alto



Biguá atento à passagem da Tiane no Quindim Precioso



Chegando à encosta do Morro Maquiné

Passada a foz do rio Maquiné, começamos a remar contornando o morro homônimo - encontrando pedras em vez de areia na margem - e conseguimos visualizar Germano ao longe. A quantidade de algas aumentou e a impressão é que remávamos em um viscoso creme de algas.

Remando em um "creme de algas"

Tiane seguindo para a ilha; ao fundo, o Morro do Chapéu.





Voltamos a remar na companhia do nosso amigo Germano, que recém se afastava das proximidades de uma casa, onde havia parado para conversar com um morador. Continuamos remando bem perto da margem em direção à ilha. Em minha carta topográfica a ilha não existia; provavelmente, havia sido um prolongamento da ponta do morro - ou quem sabe, a vegetação que ali poderia ter existido confundira quem realizou a interpretação do levantamento fotográfico aéreo na época da confecção da carta.




Morro da Pedra Branca





Chegando à ilha, reunimo-nos todos novamente. Apesar das pedras, optei por seguir bem perto da margem e acabei entrando em uma espécie de refúgio protegido por pedras. Não conseguia visualizar se haveria saída mais adiante, mas resolvi seguir remando para descobrir. Apesar de raspar o fundo do caiaque em algumas pedras, consegui voltar às águas livres onde estavam meus companheiros de remada.

Novamente reunidos, circunavegando a ilha.




No lado Oeste da ilha encontramos um trapiche e desembarcamos em meio a pedras após solicitarmos autorização para o morador, senhor Benjamim, que estava acompanhado por outro homem. O senhor Benjamim olhou um pouco desconfiado no princípio e quando indagamos se seria possível fotografar respondeu perguntando "por quê queríamos fotografar". Também queria saber de onde vínhamos e para onde íamos e quanto custavam os caiaques. Primeiramente ele se retirou quando desembarcamos, mas depois de algum tempo retornou e conversou um pouco. Era originário de São Marcos, na Serra Gaúcha, e agora morava na ilha. Não poderia nos fornecer água, pois toda a água da ilha era água mineral comprada em supermercado...

Parada para descanso na ilha

Um pouco decepcionados com a frieza do acolhimento, decidimos não parar para almoçar por ali, como tinha sido originalmente nossa intenção. Em vez disso, fizemos uma breve parada e retornamos aos caiaques para continuar a remada.

Senhor Benjamim

Dessa vez não faria muito sentido continuarmos remando próximos à costa, pois a rodovia BR 101, em obras de duplicação, praticamente tocava a margem da lagoa e ninguém tinha a intenção de remar ao lado de trânsito intenso de carros e caminhões. Eu havia marcado um ponto representando a entrada da Sanga Funda no gps, de maneira que não haveria equívoco para localizá-la. Rumamos diretamente para lá.

Travessia para Sanga Funda

Navegação pelo gps

Adentrando a Sanga Funda

Na entrada da Sanga Funda, Germano percebeu que algo se mexia dentro do caiaque. Otávio foi em seu auxílio e acabou encontrando um lambari que havia saltado e, ao voltar para a água, fora "pescado" pelo Caiaqueveio do Germano. O resgate foi bem a tempo, pois o peixinho já estava "grogue" quando voltou para a água.

Otávio retirando o peixe "pescado" pelo Caiaqueveio


Da foz à ponte da BR 101 a mata ciliar é praticamente inexistente. Nas margens da estreita sanga, aguapés e capim. Encontramos somente uma árvore de grande porte - e várias pessoas (pescando) em sua sombra. Fiquei pensando na nobre atitude do Germano, levando mudas de pitangueira para plantar nas ilhas do rio Jacuí. Quantos desses pescadores provavelmente voltavam ao rio para pescar com frequência e nunca sequer pensaram em plantar uma árvore...?

Aproveitar a sombra das árvores é bom, mas quem se lembra de plantá-las?


Seguindo para a ponte da BR 101

Debaixo da ponte

Passamos pela ponte da BR 101 e continuamos subindo a Sanga Funda para procurar um local para almoço. Encontramos muitos pescadores com caniços nas margens.

Pescadores - ao fundo, a BR 101.

Estreitamento

À medida em que íamos subindo a sanga, passávamos por lugares mais e mais estreitos e em alguns trechos precisávamos afastar a vegetação para permitir a passagem dos caiaques. Paramos debaixo de uma grande árvore na margem para decidirmos pelo retorno ou pela continuação. Decidimos continuar por mais alguns minutos; se não encontrássemos local adequado, voltaríamos para a ponte, local de encontro com o amigo de Otávio e Márcio que viria nos buscar.

Obstrução

Transparência da água amarelada

Poucos minutos depois da decisão de continuarmos, fomos forçados a parar. Havíamos chegado ao limite da navegabilidade dos caiaques. Pedras obstruíam completamente o leito já raso da Sanga Funda.

Fim da linha! - parada para almoço

Ali mesmo, sobre as pedras, montamos a cozinha e iniciamos a refeição coletiva. Saquei o filtro e usei a água da própria sanga para prepararmos a comida. Após o almoço, retornamos.

Retornando


De volta à ponte

De volta à ponte da rodovia BR 101, desembarcamos nas proximidades. Carregamos os caiaques para perto da estrada e aguardamos o amigo de Otávio e Márcio, que chegaria com o carro do Germano. O Guri e o Caiaqueveio foram colocados no bagageiro e Germano, Márcio, Otávio e o amigo retornaram para Osório. De lá Germano seguiriam para Canoas enquanto Márcio e Otávio voltariam à sanga com a minha Parati para então carregarmos o Quindim Precioso e o ilegal! e retornarmos.

Da Sanga Funda à terra firme

Desembarque de Otávio e Márcio

Fim de remada - obrigado, amigos!!!

 [Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]
Em vermelho, o percurso do segundo dia, do acampamento à Sanga Funda.
 [Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]
A foz do rio Maquiné

 [Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]
A costa do morro Maquiné e a ilha

 [Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]
A travessia da lagoa, da ilha para a Sanga Funda.

[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]
Percurso na Sanga Funda

Informações disponibilizadas pelo gps:

Distância remada no dia: 22,73 km;
Tempo de remada: 4 h 16 min;
Velocidade média: 5,3 km/h;
Velocidade máxima: 8,8 km/h;
Tempo parado: 3 h 20 min;
Velocidade média geral: 3,0 km/h.
 
Distância total remada nos dois dias: 52,15 km.

2 comments:

Ian Johnston said...

Hi Leonardo,
Beautiful sunset at your campsite, but that looks like a very large algal bloom!

Kind Regards

Ian

Leonardo Esch said...

Hello Ian,
thanks for your comment. It was really a bloom, thick like an algae soup!
Here in South of Brazil we have a chain of lakes to paddle and few paddlers - you can paddle for days and find no other paddler. It's a nice place to explore, with sunny days and warm weather.

Thank you for visiting!

Leonardo