Vendo o vento
Na véspera alguém comentou que para concluir a circunavegação da Ilhabela faltava apenas a parte mais fácil, já em águas abrigadas do canal entre a ilha e o continente. Mas nem sempre o que parece mais fácil realmente É mais fácil...
Foi o que aconteceu no último dia.
O vento já assobiava desde a madrugada, vindo do Sul. Isso significaria uma remada contra o vento, mas provavelmente sem grandes ondulações e sem grandes perigos; seria necessária somente muita persistência para avançar. O clima no acampamento improvisado debaixo de um telhado no camping parece que também foi estremecido pelo vento, pois não se poderia dizer, naquele momento, que alcançar o objetivo principal da remada - Circunavegar Ilhabela, registrando em fotos e vídeo - ainda era a prioridade.
Após o café da manhã fomos até as proximidades observar as condições do mar e especialmente do vento. Foi decidido que esperaríamos até as dez horas da manhã e faríamos uma nova avaliação para verificar se as condições poderiam ter melhorado.
O vento já assobiava desde a madrugada, vindo do Sul. Isso significaria uma remada contra o vento, mas provavelmente sem grandes ondulações e sem grandes perigos; seria necessária somente muita persistência para avançar. O clima no acampamento improvisado debaixo de um telhado no camping parece que também foi estremecido pelo vento, pois não se poderia dizer, naquele momento, que alcançar o objetivo principal da remada - Circunavegar Ilhabela, registrando em fotos e vídeo - ainda era a prioridade.
Após o café da manhã fomos até as proximidades observar as condições do mar e especialmente do vento. Foi decidido que esperaríamos até as dez horas da manhã e faríamos uma nova avaliação para verificar se as condições poderiam ter melhorado.
Acampamento
No horário combinado decidimos que remaríamos, embora o clima continuasse mais favorável para algo como apenas uma tentativa do que realmente uma decisão de encarar uma remada em condições difíceis. Posso ter me equivocado em minha avaliação e de modo algum quero ser injusto, mas esse foi o sentimento que tive naquele momento.
A estratégia seria aproveitarmos a proteção fornecida pelas pontas de terra para avançarmos em águas menos turbulentas e, quando fosse necessário, dispendermos mais esforços nos trechos mais expostos.
Assim começamos a nos mexer, alternando algumas idas e vindas para transportar os caiaques e tralhas para o canto da praia, evitando deixar os equipamentos sem alguém para ficar de olho.
Canto da praia
Tralhas na saída
Vídeo: colocando as tralhas no caiaque
Pouco antes das onze horas da manhã finalmente fomos para a água remar. Parecia que o vento havia diminuído um pouco, pois o avanço não foi tão lento e penoso quanto eu esperava. A estratégia de seguir próximo da costa aproveitando a proteção das pontas de terra funcionava muito bem, mas percebi que os meus companheiros remavam mais afastados, enfrentando assim condições mais adversas, com vento mais forte e ondas maiores. Chamei, indicando que as condições estavam mais favoráveis por onde eu seguia, mas não obtive reação alguma.
Continuei avançando em um bom ritmo, considerando as condições, enquanto meus companheiros ficavam para trás. Esperei no abrigo de uma ponta de terra por algum tempo até que se aproximassem mais, mas por outro lado não queria deixar esfriar o corpo em demasia. Na próxima praia aguardei mais um pouco e decidi remar um pouco mais, até o fantástico veleiro apoitado logo em frente: era o Paratii 2!!! Aproveitei a oportunidade única de ver de perto o grande veleiro, sobre o qual tanto havia lido e com o qual já havia viajado muito nas páginas dos livros...
Encostei na popa do veleiro, onde havia um bote inflável de apoio, e fiquei algum tempo conversando com o Flávio, agora no comando da fantástica embarcação que se preparava para navegar rumo ao Alasca. Obrigado pelo convite para tomar um café a bordo, Flávio, espero futuramente ter a oportunidade de aceitá-lo!
Flávio estava em um ponto de vista bem mais favorável (por estar bem mais acima da superfície da água do que eu) e me avisou que meus companheiros de remada estavam seguindo para a praia, então me despedi e tratei de retornar para encontrá-los.
Alguns minutos depois eu desembarcava na praia, vendo que se preparavam para retirar as tralhas dos caiaques, com caras de poucos amigos. Circunavegação abortada.
Fim de jornada
Faltando pouco mais de 16 km para a conclusão da circunavegação da Ilhabela, terminamos o dia de remada com pouco mais de 3 km remados e, com o encerramento do dia, encerramos também a tentativa de fazer a volta remando na ilha.
Algumas praias ficaram para trás sem uma visita para conhecê-las, outras merecerão muitas visitas mais, futuramente. Dentre os momentos de camaradagem, os ensinamentos compartilhados e o aprendizado sobre comportamento humano, sobressaiu-se uma certeza: é bela a Ilhabela!!!
Agradeço a Luiz Felipe Buff e Danilo Garcia
pela oportunidade.
Obrigado!
A Praia dos Barreiros...
...e o local onde aportamos.
Paratii 2
Distância aproximada remada no dia: 3,5 km;
Tempo transcorrido da saída até a chegada na praia: aproximadamente 45 minutos.
Distância total remada (em cinco dias): 100,87 km.
[Trajetos e legendas sobre imagem do Google Earth]
Percursos do primeiro (em vermelho), segundo (em azul), terceiro (em verde), quarto (em branco) e quinto (em amarelo) dias de remada.
[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]
Todo o pequeno percurso do último dia
[Trajeto e legendas sobre imagem do Google Earth]
Percurso de ida ao Paratii 2 e retorno à praia onde foi abortada a circunavegação.
[Trajetos e legendas sobre imagem do Google Earth]
O percurso marcado com xxxxx foi o que faltou para concluir a circunavegação.
1 comment:
Parabéns Leonardo! Realmente um grande bonus a visita ao Paratii. Os vídeos ficaram muito bons! A trilha do segundo vídeo, não sei se por coincidência ou não, é a mesma do único DVD de filme que comprei até hoje: "Extremo Sul". As coincidências entre o filme e tua viagem vão muito além da trilha sonora... mas isso é papo pra outra hora... Abração!
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