Choveu durante a noite. Ao amanhecer estava completamente nublado, inclusive com nuvens baixas e névoa sobre o rio. Os mosquitos zuniam do lado de fora da barraca. Ao menos o calorão deu uma trégua! Comendo maçã e tomando um suco, arrumei as tralhas dentro da barraca mesmo, evitando as feras voadoras.
Desmontamos acampamento e guardamos as tralhas nos caiaques, o que demorou um pouco, pois só cabia um caiaque de cada vez no lugar sugerido pelo Maciel para embarcarmos. Germano optou por descer o caiaque dele pelo barranco mesmo. Com o caiaque na água, começou a remar lentamente, enquanto eu esperava pelo Maciel.
Durante a remada por várias vezes tivemos períodos de chuva. Estava bom para remar, pois refrescava e não havia trovoadas.
Quando nos aproximamos da eclusa na barragem de Amarópolis, começou a chover mais forte.
Precisávamos atravessar o lago formado pela barragem até uma abertura numa taipa de pedras. Antes de ir para lá, no entanto, aproveitei que a chuva tinha diminuído e remei até a comporta. Ao entrar na eclusa, veio conversar comigo o senhor Artêmio, conhecido do nosso amigo Fernando Batista de Portão.
Para transpor a região da barragem por terra é necessário dar uma volta, passando por uma abertura em uma barreira de pedras - que forma como que um lago interior -; chegando ao final desse "lago", é só transportar os caiaques por uns 50 metros, descendo. Fácil!!!
Na beira da água, que mais parecia um campo verde por causa das plantas aquáticas, apareceu o senhor Artêmio enquanto fazíamos um lanche.
Recomeçou a chover, e recomeçamos a remar. Atravessamos o campo de plantas aquáticas e quando chegamos novamente ao rio eu remei contra a correnteza para chegar ao lado de baixo da comporta da eclusa; aproveitei também para me aproximar um pouco mais da represa e remar por águas turbulentas.
Desci por dentro daquele caldeirão de água em ebulição enxergando meus companheiros de remada já lááá adiante, rio abaixo. Como eu estava rápido, não demorei a alcançá-los. Nessa altura já havia parado de chover.
O canal de navegação seguia pela margem direita do rio Jacuí e só bem mais adiante cruzava diagonalmente em direção à margem oposta.
Mesmo com nuvens baixas e chuvisqueiros ou mesmo chuvas ocasionais, o tempo continuou mormacento e carregado. Começamos a ouvir trovoadas ao longe.
Quando já enxergávamos a ponte da RS 401, um temporal se formava ao nosso lado, para além da margem esquerda, então optamos por parar. Estávamos perto do Porto do Conde, mas precisaríamos entrar um pouco no arroio, desviando de nosso caminho. Outra opção seria atravessar o rio e seguir até a ponte, parando na praia de Cachoeirinha. Acabamos decidindo ficar onde estávamos mesmo, pois começou a chover mais forte e as trovoadas ficaram mais frequentes. Sentamos debaixo de uma pequena árvore bem na margem do rio e ficamos conversando, esperando o mau tempo passar.
As trovoadas foram cessando e voltamos a remar. Cruzamos a ponte e continuamos pela margem direita. Um pouco adiante haveria a possibilidade de passar à esquerda de uma ilha, com aproximadamente a mesma distância a percorrer. Pela margem direita a correnteza estava fraca e por alguns momentos até mesmo contrária. Segui ponteando a turma, novamente debaixo de chuva.
Passamos por vários barcos atracados e pelo iate clube, onde só havia barcos a motor. Nenhum veleiro!
Quando cheguei à praia onde terminaríamos a remada, a chuva forte começou a se anunciar. Maciel chegou um pouco depois e não quis esperar pelo Germano, optou por buscar o carro que estava estacionado em frente à Brigada Militar. Fiquei abrigado debaixo da guarita dos salva vidas esperando. No momento em que Germano chegou desabou o maior toró. Puxamos os caiaques um pouco para cima e fomos nos abrigar no bar em frente, aproveitando a espera pelo Maciel para nos deliciarmos com uma porção de peixe frito.
Maciel chegou de carro, mas os caiaques estavam bastante longe do estacionamento. Não era permitido trafegar com o carro para chegar mais perto. Depois de vários impasses com relação ao que se faria, reboquei o caiaque do Maciel e com Germano remei até um acesso ao lado da estação hidroviária, bem próximo da praia onde havíamos parado. Maciel não estava disposto a transportar três caiaques no bagageiro do carro, então Germano decidiu atravessar remando até Triunfo, onde decidiria se ficaria em algum camping ou se telefonaria para alguém buscá-lo de carro.
Debaixo de chuva arrumamos as tralhas e os caiaques no carro e pegamos a estrada.
Primeiro dia em amarelo, segundo dia em vermelho e terceiro dia em verde.
[Legendas e trajetos sobre imagem do Google Earth]
Informações disponibilizadas pelo gps:
Distância remada no dia: 30,68 km;
Tempo remado: 4 h 29 min;
Velocidade média: 6,8 km/h;
Velocidade máxima: 15,9 km/h;
Tempo parado: 1 h 55 min 2 s;
Velocidade média geral: 4,8 km/h;
Distância remada nos três dias: 93,15 km.
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