O dia 19 de abril amanheceu com excelentes condições para pedalar. Sol e sem nuvens no céu. O café da manhã no camping em Boiçucanga foi às sete e quarenta da manhã. Não nos apressamos para sair, pois nosso objetivo para esse dia não estava distante e provavelmente pedalaríamos menos de cinquenta quilômetros.
Arrumamos o equipamento nos alforjes e os alforjes nas bicicletas. Os alforjes que utilizo (Ortlieb – ver link em Equipamentos, ao lado) são muitíssimo práticos de serem removidos e recolocados nos bagageiros, têm excelente qualidade e são à prova d´água. Quando retirados da bicicleta, podem ser transportados como sacolas. Para recolocá-los na bicicleta, basta repousá-los nos bagageiros e "click" – pronto! Clayton estava usando meus antigos alforjes; cada vez que queria retirá-los, precisava enfiar a mão entre a roda e o bagageiro para soltar as tiras que mantêm o alforje preso ao bagageiro (sem conseguir enxergar bem as próprias tiras, encobertas pelo alforje). Além do processo trabalhoso, as tiras não são suficientes para manter os alforjes corretamente seguros, sendo necessária a utilização de elásticos extensores. Outra desvantagem em tempo chuvoso é o empacotamento de tudo em sacos plásticos (ou em sacos estanques) para que a umidade não atinja equipamentos mais sensíveis ou mesmo vitais – imagine todas as roupas molhadas quando for acampar em meio ao vento gelado da Patagônia!!!
Bem, não estávamos na Patagônia, mas a diferença no tempo entre nós para arrumar as tralhas nas bicicletas era significativa. Nada, porém, que causasse o menor desconforto, pois estávamos lá para aproveitar a Costa Verde de bicicleta.
Saímos às dez da manhã e logo depois de Boiçucanga – que também encontrávamos com a grafia "Boissucanga", provavelmente por causa da internet – iniciamos a mais íngreme subida de toda a viagem. Apesar de ter uma distância de apenas três quilômetros, foi desafiadora. Subimos tudo no pedal, com algumas paradas para repor o fôlego – digo, fotografar! :) – e com vários incentivos de quem nos ultrapassava – de carro é fácil!
Ainda bem que depois de cada subida havia uma descida e sempre alguma paisagem interessante. Nesse caso, Maresias, o belo voo planado de um urubu e a visão de Ilhabela ainda ao longe.
Almoçamos um pouco cedo em Maresias, aprendendo que "Marmitex" é uma refeição bem servida – nesse caso, arroz, feijão, peixe e salada – em uma embalagem de folha de alumínio com tampa. Fizemos nosso almoço de domingo em uma bela sombra de praça, admirando o mar.
Seguindo adiante, retomamos a sucessão de subidas e descidas, passando por Santiago e Toque-Toque Pequeno antes de nos deslumbrarmos com a Praia das Calhetas, onde uma ponta se projeta mar adentro, separando-a da próxima praia, Toque-Toque Grande, protegida pela Ilha de... Toque-Toque!
Não chegamos a deixar a rodovia para visitar Toque-Toque Grande, mas paramos em uma bela e grande cachoeira nas proximidades da entrada para a praia. Após a cachoeira, nova sucessão de subidas e descidas pela estrada espremida entre os morros e o oceano, pedalando por uma região de mata atlântica.
Antes de passarmos por Guaecá e Barequeçaba – praias urbanizada próximas da cidade de São Sebastião – tivemos uma bela visão da região da praia Brava, escondida entre os costões (penhascos de pedra a pique sobre o mar) da Varanda e do Navio.
Ultrapassamos as Pontas do Guaecá, de Barequeçaba e do Baleeiro e as Praias do Cabelo Gordo (sede do Instituto de Biologia Marinha da Universidade de São Paulo – acesso proibido) e do Timbó e chegamos à cidade de São Sebastião, onde embarcamos na balsa atravessando o Canal de São Sebastião rumo à ilha de mesmo nome, mas mais conhecida por Ilhabela.
Descemos da balsa, paramos para obter algumas poucas informações (parece que os quiosques de informações ainda não estão preparados para o turista não-convencional, aquele que não busca hotéis e pousadas) e registrar a chegada em frente a uma placa de boas-vindas.
Optamos por seguir para o lado Sul da ilha, pois seria mais agreste, segundo o que nos disseram; pedalando pela rodovia SP131 por alguns quilômetros, chegamos ao camping Canto Grande, na praia Grande. Devido ao feriado a tarifa estava mais alta (R$ 30 por pessoa!) e mesmo assim o camping estava bastante cheio, então decidimos permanecer ali por apenas um dia. Montamos acampamento e aproveitamos o belo entardecer para fotografar os arredores. Não poderíamos imaginar que no dia seguinte o final do dia seria completamente diferente...
Dados registrados no ciclocomputador:
Distância pedalada no dia: 43,53 km;
Distância pedalada na viagem: 139,30 km;
Odômetro: 10.375 km;
Tempo efetivamente pedalado no dia: 3 h 12 min 24 s;
Velocidade média da pedalada no dia: 13,6 km/h;
Velocidade máxima da pedalada no dia: 61,0 km/h.
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