Após o café da manhã levamos as bicicletas para a frente do hostel em Guarujá para a foto da saída. Por volta das oito e meia da manhã do dia 18 de abril, um sábado, começamos nossa pedalada pela Costa Verde. Seguimos diretamente para o mar e pedalamos pela Praia da Enseada, pois nossa ideia era aproveitar ao máximo o contato com o litoral e não apenas percorrer uma distância no menor tempo possível.
Quando se planeja realizar um roteiro de bicicleta e não se pretende fazê-lo sozinho é muito importante conversar com os futuros parceiros de pedalada sobre os objetivos da viagem, ou seja, saber o que cada componente espera da empreitada. Quando se reúnem os que pretendem fazer um trajeto no menor tempo possível e os que param para fotografar a água, as flores e o céu a viagem não dá certo. Felizmente Clayton e eu tínhamos objetivos muito semelhantes, tornando a viagem agradável.
Quando estávamos no final do trecho de praia, ainda em Guarujá, Clayton me disse que teria que voltar ao hostel, pois havia esquecido algo. Combinamos que eu ficaria aguardando, sem problemas. Aproveitei para observar a praia e a movimentação ao redor. Começaram a chegar uns tratores bem altos, que logo descobri servirem para entrar no mar rebocando carretas de embarcações (lanchas).
Aproveitei também para fotografar a bicicleta carregada para o início da viagem. Basicamente havia quatro alforjes (dois dianteiros e dois traseiros), um saco estanque e uma bolsa de guidom. Os alforjes dianteiros serviam para transportar os equipamentos de cozinha, comida – é bom salientar que levamos comida demais! – e algumas ferramentas e objetos gerais e para reparos da bicicleta. Nos alforjes traseiros coloquei roupas, chinelos, guia de viagem e material de acampamento. No saco estanque normalmente transporto o tapete isolante, o saco de dormir e uma roupa que estará sempre seca, para dormir. Ao lado do saco estanque, sobre os alforjes traseiros, em um saco de nylon, coloquei as nadadeiras ("pés-de-pato"), respirador ("snorkel") e máscara para mergulho livre. Na bolsa de guidom, equipamento fotográfico, agenda e lapiseira, carteira com documentos e dinheiro, telefone e alguns alimentos para o transcorrer da pedalada (geralmente barras de cereais, chocolate, nozes ou castanhas – dependendo da disponibilidade – e balas). Sobre a bolsa de guidom existe um porta-mapas estanque onde é colocado o mapa com o trajeto planejado para o dia.
Aguardando o Clayton, observei um pequeno barco a remos que se aproximava da areia. Nele estavam um garoto e um adulto. Pareciam ser pai e filho, pois o menino controlava os remos e o homem parecia indicar como proceder. Chegando na fraca arrebentação, o homem desceu do barco e auxiliou o menino, pois a embarcação havia ficado com o bordo à mostra da ondulação – daí o termo "emborcar", ou seja, virar o barco.
Observando a movimentação de carros na avenida, percebi que a saída da praia não era em sua extremidade e, pelo adiantado da hora, decidi seguir na direção em que Clayton viria. Encontramo-nos e achamos o acesso para a estrada por onde seguiríamos.
Passamos pela orla de Perequê, onde havia barcos de pesca, e momentaneamente nos afastamos do litoral, pedalando pela estrada (SP061) que seguia paralelamente ao Canal de Bertioga, uma região bastante interessante de manguezais. Paramos nas proximidades de um trapiche para observar melhor a região e pude constatar, pela presença de inúmeros cardumes, a piscosidade daquelas águas. Algumas garças aproveitavam para garantir a refeição. Uma placa já meio escondida pela vegetação informava que estávamos na "Estrada Parque Serra do Guararu", na Ilha de Santo Amaro e convidava para visitação ao Centro de Educação Ambiental e Estudos do Mangue.
Como estávamos em uma ilha, seguimos para sua extremidade Norte rumo a Bertioga, onde chegamos depois de uma travessia de balsa. Passamos por um forte e pedalamos pela Praia da Enseada, parando para almoçar em Indaiá.
Após o almoço voltamos a pedalar pela praia até São Lourenço, onde percorremos o acesso ao condomínio Riviera de São Lourenço e encontramos pela primeira vez a estrada Rio-Santos (SP055). Estrada em boas condições, com acostamento, bem sinalizada, seguindo entre a Serra do Mar (à esquerda) e o Oceano Atlântico (à direita) por entre remanescentes da mata atlântica.
Na praia chamada Boracéia a estrada se reaproxima do mar, passando pela Juréia, Praia do Engenho e por Barra do Una, onde deixamos momentaneamente a Rio-Santos para pedalarmos mais próximos do litoral, passsando por uma pequena igreja e pela ponte de madeira sobre o rio Una (daí o nome Barra do Una).
Após o rio iniciamos uma subida que rendeu algumas boas imagens da Barra do Una, uma visão dos contrafortes da Serra do Mar e, à frente, Juqueí e algumas ilhas, como a Ilha das Couves.
Tínhamos intenção de chegar em Maresias, mas com várias subidas e descidas e o final do dia se aproximando rapidamente, mudamos os planos. Passamos pela bela Barra do Saí, Camburi e Camburizinho e chegamos já sem sol a Boiçucanga.
Procuramos camping e desistimos do primeiro local, que não apresentava as mínimas condições. Acabamos encontrando um local não muito bom (e bastante caro – R$ 20 por pessoa – considerando a precariedade das instalações!), mas que serviria para apenas um pernoite. Armamos as barracas e após um rápido banho saímos para jantar. No dia seguinte enfrentaríamos a mais íngreme das subidas de toda a viagem...
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