Wednesday, June 17, 2009

Primeiro dia em Paraty

Sábado, 25 de abril de 2009. Às oito da manhã a luz do dia passava pelas janelas do hostel, iluminando o quarto coletivo, que estava tranquilo. Uma primeira olhada nos arredores revelou os prédios antigos restaurados do Centro Histórico de Paraty emoldurados pela janela do albergue.

Após o café da manhã decidimos deixar o hostel. Depois de visitarmos alguns campings, optamos pelo Camping Jabaquara, na praia de mesmo nome, ao lado de Paraty. Área verde ampla, chuveiros e tanques para lavar roupa e poucos ocupantes, além de uma recepção convidativa e um ótimo preço (12 reais por pessoa, por dia) foram as características que nos atraíram. Retornamos ao albergue, comunicamos a saída e arrumamos o equipamento. Almoçamos em um restaurante simples com comida por quilo.

Chegando no Camping Jabaquara, montamos acampamento e deixamos secar bem as barracas, que ainda estavam úmidas devido à forte chuva de Ilhabela. Sacos de dormir também foram ao sol para "respirar". Mesmo durante uma viagem é importante deixar o saco de dormir por alguns minutos aberto ao sol, pois isso evita que as fibras no seu interior fiquem demasiadamente compactadas, o que causa uma perda de eficiência ao longo do tempo. Como sabemos, o saco de dormir não aquece quem está em seu interior, mas, por conter um enchimento que retém ar, isola a pessoa do contato com o ar frio externo. Quanto mais compacto for o enchimento, menor a quantidade de ar nele retida e menor a capacidade de isolamento que ele proporciona. O material que compõe o enchimento também tem influência na eficiência do saco de dormir; quanto mais condução térmica, pior. É por isso que um saco de dormir molhado ou úmido é bem menos eficiente do que um seco, visto que a água é muito mais condutora de calor do que o ar. Resumindo, o que se quer é um saco de dormir sempre seco e volumoso.

O dia, porém, não dava mostras de se manter seco. Nuvens tomavam conta do céu e começavam a ocultar o sol. Fui de bicicleta ao centro de Paraty, onde havia deixado algumas roupas bastante encardidas em uma lavanderia. Aproveitei o passeio para visitar também uma parte desconhecida – ao menos turisticamente – da cidade. Passando pelos fundos do aeroporto, cruzei o rio que fica ao Sul do Centro Histórico e passei ao lado de uma vila com casebres e muita sujeira, com condições muito insalubres de moradia. Um pouco adiante, em direção ao mar, encontrei uma vila de pescadores. Fiquei um pouco triste pela condição de vida daquelas pessoas, que provavelmente fazem parte da força motriz que impulsiona o desenvolvimento econômico da cidade, embora não usufruam desse desenvolvimento devido ao brutal desequilíbrio na repartição das riquezas geradas. Dei-me conta de que, como turista, talvez nem fosse muito interessante – do ponto de vista da segurança pessoal – permanecer muito tempo naquela área, então tratei de voltar ao Centro Histórico.



As ruas da antiga cidade foram construídas de maneira que a água do mar pudesse invadir a cidade, limpando dessa maneira as impurezas (inclusive fezes!) que eram jogadas em plena via pública. É interessante observar que os índios, sempre tachados de "primitivos", tinham hábitos muito mais salutares do que os "colonizadores"... Outra observação interessante diz respeito aos prédios dessas cidades históricas: os grandes prédios são, invariavelmente, igrejas. Essa relação de poder que se sobressalta através das edificações pode ser vista ainda nos dias de hoje nas pequenas cidades de interior, que podem nem ter um posto de saúde adequado à população, mas certamente têm como maior – e muitas vezes principal – construção, uma igreja.
Hoje, as igrejas e as ruas alagadiças de Paraty são atração turística. Na maré alta as águas continuam a invadir a cidade, espelhando as bonitas fachadas reconstruídas do casario. Defronte à cidade uma infinidade de embarcações conduz hordas de turistas para passeios pela belíssima região. No Centro Histórico predominam os restaurantes e as lojas de souvenir.
Após o breve passeio retornei ao camping. Durante a conversa com o carioca Vinícius, durante a chegada na noite anterior, ficamos sabendo que aos sábados havia uma excelente promoção em uma cervejaria da cidade. Em determinado horário, ao final da tarde, havia música ao vivo (sem cobrança pela apresentação artística) e bebida em dobro: a cada chopp consumido o freguês recebia outro de graça. Fomos à Cervejaria Caboré conferir a promoção e aproveitar a música de excepcional qualidade. Além disso, deliciei-me com o ótimo chopp servido. Vinícius também apareceu, o que garantiu uma legítima conversa de boteco com sotaque carioca. Quando a apresentação de violão e voz encerrou fomos mais uma vez ao Centro Histórico, para vermos os prédios à noite. Retornamos ao camping com planos de, no dia seguinte, conhecermos um pouco mais as praias da região.
Dados registrados no ciclocomputador:

Distância pedalada no dia: 25,38 km;
Distância pedalada na viagem: 380,55 km;
Odômetro: 10.616 km;
Tempo efetivamente pedalado no dia: 3 h 07 min 58 s;
Velocidade média da pedalada no dia: 8,1 km/h;
Velocidade máxima da pedalada no dia: 45,0 km/h.

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