Wednesday, October 22, 2008

Rumo ao Chuí: passeio em Mostardas - 19/10/08

Durante a manhã do dia 19 de outubro passeei um pouco pela cidade de Mostardas. Fui conversar um pouco com o artesão Eloir - que faz as fantásticas miniaturas de aves - e conheci um museu com várias peças interessantes dos Açores (de onde vieram os colonizadores da cidade). Há também muitas fotografias do antigo padre, que era austríaco e se naturalizou brasileiro. Como deviam ser árduos aqueles tempos!





Ao lado da Igreja Matriz São Luiz Rei de França, fundada em 1773 (e construída em estilo barroco, com alta-mor no mais pulo estilo neoclássico, datado de 1817 - sendo uma das poucas igrejas desse estilo no mundo), fui visitar uma exposição fotográfica de Graziela Terra e aproveitei para ficar para o almoço.

Encontrei um painel bem simples, mas criativo e de bom gosto. Estava escrito "marque aqui de onde você migrou" (em alusão ao Festival de Aves Migratórias). Vários alfinetes indicavam a origem dos visitantes. Marquei Nova Petrópolis e fui interpelado por vários integrantes da organização, assim acabei contando a respeito da viagem de bicicleta que realizava.

Para minha surpresa, durante o almoço fui mencionado pelo apresentador (na fotografia abaixo, no palco ao lado da televisão), que contou aos presentes um pouco da minha "façanha". Fiquei sem jeito, como se fosse algo muito extraordinário o que estava fazendo...

À tarde (catorze horas) participei de um passeio gratuito para a barra da Lagoa do Peixe e para o farol Mostardas. Dois voluntários que trabalham para o Ibama acompanharam os participantes (a grande maioria adolescentes e crianças sem acompanhamento de adulto...).


A região da Lagoa do Peixe é belíssima, pude revisitá-la depois de dez anos. Em 1998 eu havia passado por lá durante a Caminhada Barra do Chuí - Torres: 620 km de vento, areia e mar.

Como era bem previsível, havia adolescentes que tiraram os calçados e correram lagoa adentro atrás das aves, espantando tudo o que havia nas proximidades...


... e meninas que subiram nas dunas e começaram a gritar para os outros, como se fossem as estrelas do show...
Das aves só restaram as pegadas...
... e o jeito foi me contentar com outras belezas do lugar.


Por um lado, quando passamos por um lugar como a Lagoa do Peixe - uma área de preservação -, muitas vezes somos obrigados a pedir permissão e, outras vezes, nem podemos acampar durante uma caminhada extensa (como quando passei pelo Taim, durante a caminhada por todo o litoral gaúcho mencionada acima), pois as "ordens" são para "não deixar ninguém acampar"; por outro lado, durante uma visitação como a que ocorreu durante o "VIII Festival Brasileiro das Aves Migratórias", não é realizada sequer uma palestra introdutória a respeito do comportamento que se espera do visitante que está lá, em princípio, para tentar ver algo semelhante a aves migratórias...
Migratórias ou não, todas as aves sumiram do mapa...


... com exceção do Piru-piru acima, que estava perto do oceano.
Retornamos ao ônibus e, no retorno, paramos para visitar o farol Mostardas, onde novamente nenhuma espécie de conhecimento foi transmitida. Poderia ter sido dito ao menos o que consta no livro comercializado no próprio festival - "Mostardas e Tavares sob as lentes do turismo", organizado por Elisabeth Brasil de Brasil e desenvolvido pelos alunos do curso de Turismo da Universidade Luterana do Brasil Torres nos municípios de Mostardas e Tavares - e que descreve um pouco a respeito do farol:
" No relatório do ano de 1887, o diretor de faróis, Capitão-de-Fragata Pedro Benjamim de Cerqueira Lima, solicitou a aquisição de um farol de terceira ordem, com torre sobre esteios de roscas, sistemas Mitchel com altura de 33,50 metros acima do nível do solo, luz girante com alcance de 18 milhas, incluindo na própria torre a casa dos faroleiros, para ser ereto na ponta de Mostardas (relato obtido do Serviço de Sinalização Náutica do Sul, 09/09/2003).
Na ocasião, o Farol da Barra era o único no litoraal gaúcho, muito embora a Lagoa dos Patos já contasse com alguns. Mas esta exuberante torre metálica, submetida a uma atmosfera bastante abrasiva e tal qual suas similares instaladas no Sul do país, não resistiu. Em agosto de 1939, uma empresa ganhou a licitação para a construção de uma nova torre, três casas destinadas aos faroleiros e suas famílias, um depósito de querosene e uma cisterna. Inaugurado em 1940, o novo farol, pintado com faixas horizontais pretas e brancas, teve o antigo aparelho luminoso remontado em sua lanterna. A rotação dos painéis lenticulares dá a característica luminosa do farol. Para o navegante, sua luz ora se apresenta branca, ora encarnada com um intervalo de 40 segundos.
No ano de 1975, o farol Mostardas sofreu uma alteração em sua parte externa, tendo sua estrutura toda revestida de pastilhas cerâmicas pretas e brancas, conservando as mesmas cores e, com isso, proporcionando a devida visibilidade diurna ao navegante.
Na década de 80, o farol Mostardas foi incluído no plano de eletrificação dos faróis guarnecidos do Brasil. A eletrificação proporcionou um ganho de iluminação em milhas náuticas e eliminou a trabalhosa atividade dos faroleiros que consistia em regular a mistura de ar e querosene todas as noites.
Um dos mais belos exemplos da engenharia náutica, o farol Mostardas cumpre seu papel e é hoje um orgulho para a população da região, pois sua imponente torre, cheia de história e beleza, é um grande atrativo turístico."

Creio que não seria muito difícil o acompanhamento, no passeio, de algum aluno do curso de turismo. Esse aluno poderia facilmente fazer o relato que transcrevi acima, o que certamente acrescentaria ao menos em conhecimento aos participantes. Os adolescentes e crianças desceram do ônibus, deram a volta mas (felizmente) não puderam subir no farol e se interessaram mais quando puderam passar em um armazém para comprar refrigerante, salgadinhos e chicletes. Bem, ao menos as embalagens vazias não ficaram na Lagoa do Peixe... (mas foram deixadas no ônibus...)
Fica registrada minha observação sobre o festival.
Entardecer em Mostardas.

3 comments:

Quando eu Crescer said...

Seu blog é demais!
Minha mãe com meu padrasto estão indo rumo a chui de carro e sua pagina deu uma boa ideia dos lugares a se visitar.
Até eu, que terei que ficar devido a aprovaçao num concurso, tenho vontade de adiar e seguir viagem junto a eles!
Parabéns!

Professor Cristiano said...

Olá Leonardo.
Temos um grupo de ciclistas em Pelotas chamado Pedal Curticeira, a alguns dias comentamos a possibilidade de fazermos a travessia dos Molhes do Cassino à Barra do Chuí. Gostaria de informações, como melhor época do ano, lugares para acamparmos, trechos onde a maré nos põe em risco, enfim, todas as dicas para que, nós, novatos no ciclo turismo, possamos começar com o pé direito nossas aventuras. Desde já agradeço. Abraços Cristiano de Moura Borges. crismb75@hotmail.com

Leonardo Esch said...

Olá Cristiano, responderei por e-mail, obrigado pela visita e pelo interesse!!!