Friday, October 03, 2008

Volta da Laguna dos Patos - Dia 4

19 de setembro de 2008 - quarto dia
Consegui descansar bem em Mostardas, hospedado no Hotel Mostardense. Após o café da manhã passei na casa do Eloir (das miniaturas) para conversar mais um pouco. Também queria algumas informações sobre o caminho para o farol Cristóvão Pereira, que pretendia visitar.
A estrada estava em condições razoáveis, com algumas (grandes, como se pode ver nas fotos acima!) exceções. O vento, tímido no início da manhã, aumentava minuto a minuto. E, ao contrário dos dias anteriores, francamente favorável!!!
Rapidamente cheguei em Tavares, 30 quilômetros adiante. Como eu havia saído de Mostardas sem ter abastecido as caramanholas com água e gostaria de dar uma olhada na cidade, entrei pelo acesso principal e por acaso acabei encontrando um casal muito simpático...

... Uwe e Marita Nawrath, de Flensburg, no Norte da Alemanha (18 km de Kiel, cidade natal do meu avô!). Eles são muito simpáticos e estavam viajando pela América do Sul ao bordo do seu Toyota Land-Cruiser, rumando para o extremo Sul do continente.
Aproveitando o vento favorável e a relativa pobreza na paisagem - ilustrados acima pela inclinação das árvores e por uma amostra de como a plantação em larga escala de pinus está alterando a região - resolvi deixar a visita ao farol Cristóvão Pereira para uma próxima ocasião. Foi uma decisão que se mostrou acertada ao final da viagem, pois, se tivesse optado por procurar o farol - e procurar seria uma palavra adequada, visto que não encontrei sinalização e teria que caminhar por areia fofa empurrando a bicicleta em meio a grandes áreas de plantação de pinus - não teria tempo disponível para terminar todo o trajeto em volta da Laguna dos Patos.
Na fotografia acima, uma construção muito parecida com um farol. Mas, na região onde foi feita a foto (uns vinte e poucos quilômetos antes de Bojuru, seguindo para o Sul), não existe nenhum farol com essas características... O que será???
Hora do rush em Bojuru...


Parei em Bojuru por volta da uma e meia da tarde para dar uma olhada no movimento (!) e almoçar. Dali em diante começaria a pedalar pela famosa...
... Estrada do Inferno???
Pois é... assim é que está o que outrora era denominado "Estrada do Inferno". Grandes atoleiros, trechos intransitáveis em dias de chuva... tudo isso ficou para trás. A estrada agora está pavimentada e, quando passei por lá, praticamente pronta para receber a camada de asfalto. Todo o trecho entre Bojuru e Estreito encontra-se em boas condições, recoberto por pequenas pedras (se fosse entendido no assunto, diria que é uma espécie de brita moída fina...). Dadas as condições de tempo, vento e pista, pedalar foi só alegria!!!
Até as aves estavam em festa! (nas fotos, maçaricos)

Até a tartaruga saiu para dar uma olhada naquele estranho ser eufórico!




Tchau, Estrada do Inferno!

A partir do final do trecho em obras, com o retorno da pista asfaltada e com o vento soprando a favor e empurrando a bicicleta, passei a pedalar em grande velocidade, parando de vez em quando para fotografar o entorno.
O que será que colocam nos canteiros...?
[produção orgânica e conceitos ecológicos são palavras desconhecidas por aqui...]

Esperando o ônibus...
Parei para registrar a passagem pelos 150 quilômetros rodados nesse dia, algo praticamente impensável nos dias anteriores, com vento contrário.
Enquanto pedalava com grande empolgação pelas excelentes condições, liguei para falar com os amigos Evânder e "Alemão" Luís que estavam em Porto Alegre trabalhando. A performance foi dedicada ao amigo Evânder, grande atleta corredor de degraus e incentivador das mais variadas aventuras, com quem hei de me aventurar na travessia do primeiro canyon! Em homenagem ao amigo "Alemão" Luís, prometi "socar o sabugo" no pedal até São José do Norte! Grandes amigos, valeu pelo incentivo!!!

Acima, dunas características da região de São José do Norte. Abaixo, prédio antigo na cidade.
As informações que pesquisei dão conta de que, "situado entre o Oceano e a Lagoa dos Patos, formando uma península, o município era primitivamente habitado pelos índios carijós. Seu desbravamento pelos brancos, só no século XVIII ocorreria e a essa fase estão ligados os nomes de Brito Peixoto, João de Magalhães e Cristóvão Pereira. Assim, já em 1724, na margem setentrional da barra do Rio Grande, junto a atual cidade de São José do Norte, se estabeleceu um posto de vigilância, visando garantir a posse da barra e o transporte de gado, cada vez mais intenso ao longo do litoral. Em 1763, quando as forças espanholas atacam a vila de Rio Grande, parte de sua população se refugia do outro lado da barra. Data desse ano a fundação do Arraial de São José do Norte.
Caberia, porém, ao elemento açoriano, tornar efetivo o povoamento. Numerosas famílias ali se instalaram e, cultivando a terra, conseguem lugar destacado na produção de trigo.
O nome de São José do Norte apresenta duas versões: a primeira, vem da crendice de que os primeiros habitantes da região depositavam crenças em São José e que os historiadores acrescentaram o nome de "do norte", porque era o município que ficava ao norte no município do Rio Grande; a segunda, é que o nome São José era homenagem ao rei de Portugal, D. José I.
Com relação à origem do nome deve ser acrescentado o seguinte episódio: na noite de 6 de junho de 1767, as tropas portuguesas, após violentos combates, expulsaram os espanhóis que haviam dominado o território e novamente as terras ficam sob o domínio de Portugal. Volta a ser hasteada a bandeira lusa por ser o aniversário do Rei. D. José I, nosso município, até então chamado de Norte, Arraial do Norte e Povo do Norte, recebeu o nome de São José do Norte.
Esta restinga, conhecida antigamente por "Península de Pernambuco" - fazendo parte mais tarde do território chamado de Capitania del Rei, Província do Rei, Capitania do Rio Grande, Capitania do Rio Grande do São Pedro - era primitivamente habitada por índios charruas, minuanos.
Com a chegada de Sila Paes e a fundação oficial do Rio Grande, em 1737, toda a região foi beneficiada. Um dos primeiros atos do brigadeiro foi a criação da fazenda Real os Bujurus, em 1738.
Com a criação do município de Mostardas, em 1963, passa a ser considerada como primeiro núcleo de povoação do município de São José do Norte, a localidade de Estreito.



Tratei de procurar local para pernoite. Acabei encotrando a pequena Pousada N. Sra. da Paz, onde fui muito bem recebido pela senhora Ione e pude contar com um quarto para descansar e tomar um belo banho.
Durante a revisão no equipamento, constatei um raio quebrado na roda traseira. Provavelmente deve ter ocorrido durante o deslocamento dentro da cidade, por causa da irregularidade do piso. Não seria um problema importante, visto que não afetara a conformação do aro. Deveria ser consertado, todavia, para não acarretar em tensões nos demais raios, o que certamente fragilizaria toda a roda e propiciaria a quebra de outros raios, daí sim causando o entortamento do aro e a impossibilidade de continuar. Eu deveria resolver o problema antes de iniciar o longo trajeto em estradas de chão no outro lado da Laguna dos Patos.
Tudo certo na parte Leste da Volta da Laguna dos Patos!!!
Distância pedalada no dia: 159,90 km;
Distância acumulada: 451,22 km;
Odômetro total: 7792,2 km;
Tempo pedalado no dia: 6 h 21 min 12 s;
Velocidade média pedalada no dia: 25,2 km/h;
Velocidade máxima atingida no dia: 46,5 km/h.
Confrontando os dados registrados pelo ciclocomputador nesses últimos dois dias de pedalada, pode-se perceber claramente a influência do vento nesse tipo de viagem. Com vento contrário, a média horária cai drasticamente e o avanço é desgastante; com vento favorável, tudo é alegria, grandes distâncias podem ser transpostas e há disposição sobrando!

1 comment:

fertomiello said...

Pois é Leonardo.. estamos tentando incentivar o uso de meios de transporte alternativos em Pelotas através de pedaladas, discussões on-line, palestras, projetos de ciclovias.. Esse é um passo muito importante na luta por uma cidade mais sustentável.
Obrigado pela visita :)
bjos