Thursday, November 27, 2008

Pedalada para Camboriú: Nova Petrópolis a São Francisco de Paula - 10/11/08

Na segunda-feira, dia 10 de novembro, eu ainda não tinha certeza de que conseguiria sair para pedalar. Havia algumas coisas a fazer antes de sair, de modo que eu estava com tudo pronto apenas após o meio dia. Às duas e meia da tarde tirei algumas fotografias e comecei a pedalar. Tempo nublado, com tendência a chuviscos esparsos. Vento fraco contrário. Após as primeiras centenas de metros, a primeira grande descida, da Linha Imperial para a Linha Brasil, passando pela Volta Redonda. Caminho muitas vezes traçado. Descida enganadora, seguida por uma sucessão de altos e baixos que conduziria à tenebrosa subida do Carazal – também muitas vezes traçada, modéstia à parte. Passado o pedágio, parei antes da subida para alongar um pouco e experimentar as bergamotas das árvores bem próximas. Lanchinho feito e músculos descansados, tratei de enfrentar a subida. Subida do Carazal, entre Nova Petrópolis e Gramado.
Primeirinha engatada, lá fomos nós: bicicleta, quatro alforjes, saco estanque, reboque e sacola estanque. Um exagero de bagagem, mas os miojos que haviam passeado pela Laguna dos Patos e seguido até o Chuí exigiam uma nova experiência, depois de tantos quilômetros de estreito – ou seria amassado? – relacionamento... Na realidade, seria mais um teste para essa configuração que permite o transporte de uma enorme quantidade de carga, tanto em peso quanto em volume. Eu havia testado o reboque, que agora estava na versão "dois ponto zero", apenas por terreno plano e praticamente sem grandes obstáculos até o Chuí. Essa seria a oportunidade para verificar como se comportaria o conjunto em subidas, descidas e terreno irregular que enfrentaria na precária estrada de terra da Serra do Umbú.
Lentamente, metro a metro, a íngreme subida foi conquistada. Pedalando! Uma vez no topo, mais uma sucessão de descidas e subidas que levavam a Gramado, com sua bela vista do Vale do Quilombo. No meio do caminho, porém, uma cena lamentável: um belo exemplar de graxaim, que deveria estar vagando tranqüilamente pelos campos de cima da serra ou entre capões de mata nativa, jazia estirado ao lado da pista. Realmente, como diz o meu pai, a velocidade de deslocamento imposta pela modernidade é incompatível com o ambiente natural. Uma conseqüência, bem palpável, estava na minha frente. Sei que são muitos os animais mortos nas rodovias e sei que as imagens não são agradáveis, mas continuarei insistindo na sua postagem. Se uma pessoa for sensibilizada e passar a pensar no assunto já terá valido a pena...
Em Gramado tentei entrar em contato com meu amigo Clayton, mas sem sucesso. Ele havia me emprestado o "mala bike" que eu estava levando na sacola azul do reboque e talvez fosse achar interessante uma observação mais atenta do curioso conjunto. Além disso, já havíamos combinado uma pedalada para 2009 pelo litoral de Santos ao Rio.
Passei pela bela paisagem proporcionada pelo mirante do Vale do Quilombo, reparando que as nuvens estavam em altitude que justamente coincidia com as maiores elevações.
Acima, vista do mirante do Vale do Quilombo. Abaixo, Canela.
Em Canela o tempo começou a ficar bem mais úmido e, com o início de uma pancada de chuva, tratei de procurar abrigo em frente a um supermercado, aproveitando para "almoçar" (às cinco e meia da tarde!) refrigerante e salgados, esperando o tempo melhorar. O detalhe curioso é que o local também é utilizado como ponto de táxi, com os motoristas se instalando confortavelmente em cadeiras dobráveis.
Por volta da seis da tarde eu deixava Canela para trás. O trajeto entre Canela e São Francisco de Paula alterna subidas e descidas de coxilhas, terreno bem típico dos Campos de Cima da Serra, que estão em transformação e, conforme o trajeto, poderiam ser chamados de "Plantações de Pinus de Cima da Serra" ou "Plantações de Hortaliças de Cima da Serra". Foi um pouco adiante de Canela que saltou de um automóvel o monitor ambiental de Itararé (proximidades da divisa entre São Paulo e Paraná) para fazer algumas perguntas e dividir o desejo de, quem sabe um dia, fazer uma viagem semelhante.
Além da alternância entre subidas e descidas, o clima também se mostrava instável, oscilando entre "sol entre nuvens" e "chuva leve" (passando por garoa e chuvisqueiro). Um tempo interessante para pedalar, amainando o calor que poderia incomodar e proporcionando alguns belos efeitos de luz na paisagem (fotos acima).
Um pouco antes de São Francisco de Paula, com a noite se aproximando, eu já pensava onde poderia passar a noite. Ocorreu-me que havia o centro de informações turísticas um pouco antes da entrada da cidade. Por lá eu poderia informar-me ou quem sabe até encontrar algum lugar. Dito e feito: chegando no local, portas fechadas e ninguém por perto. Sem perder tempo, desmontei a bagagem rapidamente - ah, como são bons os alforjes Ortlieb!!! Em segundos, tudo à mão e completamente seco!!! - e desci a escadaria que conduzia ao gramado verdinho recém-aparado! Bem ao lado, uma torneira. O que mais eu poderia querer?
Distância pedalada no dia: 66,52 km;
Distância acumulada: 66,52 km;
Odômetro total: 9045,4 km;
Tempo pedalado no dia: 4 h 15 min 12 s;
Velocidade média pedalada no dia: 15,6 km/h;
Velocidade máxima atingida no dia: 51,5 km/h.

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